I
tinha pensado que o dia de hoje nunca iria acontecer
nem assim, nem desta maneira, nem doutra qualquer

mas depois de escrever dois versos,
com este tipo de letra exactamente do mesmo tamanho,
resolvi que este dia haveria de acontecer

um dia haveria alguém
capaz de escrever sobre um dia
que nunca pudesse acontecer nesse dia
o que se tornaria possível encontrando a explicação

a explicação é esta:

nem assim, nem desta maneira, nem doutra qualquer,
pensar o dia de hoje é
o que deixo para amanhã concluir

II
Depois de começar um poema como o deste dia
é impossível parar,
e parei 

{
Acho que não há poesia incompleta, os fragmentos de poesia são, podem ser, devem ser... como a Vénus de Samotrácia na sua traça actual/ sem braços. Um verso, onde outro verso lhe suceda, já é um poema/ aí se encontre ritmo, sentimento, leitura.
O leito da palavra é onde a deitamos, não para dormir, para correr... até a foz ser a voz, a voz que chega a nós.
Hoje publico um poema como veio, o quis, aconteceu/ ontem à noite. Aqui o deixo hoje, para amanhã, sem pensar, marcar ou algo determinar esse dia: quando alguém (o) ler.
Desta vez, faço de mim, da minha escrita, a matéria de mais um “artigo poético”. Se tiverem curiosidade, vejam como começaram, é procurar em artigos.
}
Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 21/05/2007
Código do texto: T495687