O Poder não corrompe

Cristiano Batista dos Santos. Jornalista*

Lendo diariamente os noticiários não é difícil notar que muita gente, ao galgar cargos de elevada responsabilidade, acaba se envolvendo em corrupção e, sobre isso, até surgiu o ditado que o poder corrompe.

Será que o poder de fato corrompe mesmo? Penso que o poder necessariamente não corrompe, mas revela. Revela o que estava latente no estado de ego da pessoa e funciona como que um gatilho que dispara os mais egoístas instintos de levar vantagem do poder assumido, mas pode também disparar a kratomania (mania de poder) ou a megalomania (mania de grandeza) que estavam latentes no estado do ego de modo que isso acaba germinando no líder a incapacidade em lidar com o poder e com os colaboradores.

Para líderes equilibrados e maduros, que chamamos de “lideres ômega”, assumir cargos de elevada responsabilidade é tido como um privilégio em servir, em indicar novos rumos para a organização visando alcançar com criatividade, eficiência e eficácia a missão a ser cumprida. Para outros o poder poderá revelar o ego inflado de uma personalidade perturbada e desajustada.

No desempenho laboral de consultor organizacional, já me deparei com diversos líderes que, ao assumir o comando em uma organização, mudam da “água para o óleo” do dia para a noite, se desfiguram, se transfiguram, como se o cargo que está assumindo fosse como que uma elevada força que os sobreleva sobre os demais como o mais importante dos seres que deve ser venerado passando a agir autoritariamente.

O poder não corrompe, mas pode revelar o desejo que a pessoa tem de se valer da “máquina organizacional” para dar vazão ao seu ego inflado, ao seu desejo de levar vantagem ou transformar a organização em “ação entre amigos”.

Há líder que, ao assumir o poder, acaba se imaginando agora como “rei” mudando radicalmente seu comportamento e tratando os antigos conhecidos e até os atuais colaboradores de forma arrogante e com altivez.

Se o líder sofre de paranoia geralmente se imagina como o porta voz de Deus e tudo o que fala passa a ser como que a pura e incontaminada verdade de Deus. Ele poderá se imaginar como um enviado dos céus, o “salva-pátria” para “por em ordem” a organização de modo que tudo o que fizer ou levar os colaboradores a fazer será como se fosse Deus fazendo. Aí daqueles que duvidarem de sua palavra.

O líder poderá ter também traços de esquizofrenia, não tendo condições de separar os dados de sua imaginação dos fatos da realidade e acaba como que transformando o mundo real válido apenas naquele que procede de sua mente perturbada.

Como se pode ver, o poder não corrompe, mas revela também o estado esfarrapado da vida espiritual e emocional de muitos que se colocam como líderes.

A humildade é a mais elevada virtude de um líder. O mestre-dos-metres, Jesus, O Cristo nos deixou o exemplo para sigamos suas pisadas. Ele, mesmo sendo o Grande Arquiteto do Universo, se humilhou a si mesmo e não se valeu de seu poder, mas foi um líder-servo que nos indica o caminho equilibrado da liderança.

*Cristiano Batista dos Santos. Além de Jornalista. Arbitro de Direito. Bacharel em Teologia, pela Fateos. Conselheiro titular do Conselho Estadual de Emprego e Renda de Sergipe.

Cristiano Batista dos Santos
Enviado por Cristiano Batista dos Santos em 30/09/2014
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