A Solidariedade do Povo Fustigado

Comparar época seria como causar um dano no tempo, mas verificar mudanças de comportamento sempre é bom lembrar. Pois nas senzalas, antes da identidade do povo brasileiro, sob dores no corpo, na alma e sob o julgo dos açoites e da miséria. À raiz, os escravos mesmo sendo de tribos diferentes, tinham o mesmo algoz e assim, se procuravam, procuravam ajudar uns aos outros, para amenizar as dores. Isso sem citar com profundidade os índios, em seus costumes e cultura arraigado a família.

Remontando as caminhadas de evoluções desse nosso povo. Podemos ver que apesar da falta de educação adequada, da falta de estrutura na saúde, da má gestão dos recursos e dos gastos públicos, dos altos impostos, do surto de corrupção e da vida difícil que se tem e que se leva hoje, encontramos gestos que vão além da compreensão humana. Então não temos porque nos espantarmos, quando algum brasileiro humilde devolve uma bolsa com vultosas somas de dinheiro, ou quando, em testes de honestidades feitos pela televisão, em sua maioria, as pessoas reforçam a tese desse valor. Embora se diga que somos também, que somos filhos de bandidos e dos degredados deixados aqui pela coroa Portuguesa para fomentar essa nossa origem tão eclética.

Sob essa ótica encontramos nos ônibus milhares de brasileiros saindo do trabalho com os olhos pesados de sono, de cansaço, de vida árdua e de preocupações extras, peculiares a cada um, que concentrados em seus isolamentos, agora sofisticados, com celular, em música, em watsap, ou em outra ferramenta. São vez por outra, de certa forma, molestados em seus alfares. Pois quando não são abordados literalmente por bandidos em roubos clássicos, são vilipendiados por outros tantos mil brasileiros diretamente afetados pelas politicas, pelo Estado ou pela sua própria família, quando identificamos inversões de valores.

De formas, que embarcam nos ônibus diariamente das grandes capitais também pessoas, que querem defender o seu trocado, mas com isso acabam penalizando as pessoas que mais trabalham nesse país. Pois além dessa ajuda, dessa contribuição comportada, cantada por situações verdadeiras ou enganosas, se paga altos e mais altos impostos.

Então solidarizar-se a toda essa horda de coisas, as vezes é ser muito passivo, muito compreensivo ou não ter tino de educação?... A bem da verdade, sem qualquer cálculo cientifico, em principio, arrisco dizer, que é uma conjunção de fatores intrínsecos advindos da tênue afeição do nativismo, do imposto pelo humanismo, da religiosidade ou a ignorância por não compreender que pagam impostos por tudo que se consome e por todos. No mais fica com vocês também esse encargo de refletir sobre.

Na desorganização do Estado, a desordem banalizada envereda por esse caos. Você com o seu pouco ganho, advindo do suor, sob a pressão de tantas ideologias, se torna refém de consumismo, que vendem como liberdade de compra. E ainda, dos escuros das ruas, vem até você, pessoas em estado lamentável, que você vê e tem que contribuir com uns míseros reais, para que esse alguém não passe fome, para que esse alguém alimente o seu vicio, para que esse alguém não mate um cidadão, pois o Estado fanfarrão, pois os políticos, que nós colocamos nas cadeiras de cristais, pois a nossa falta de conhecimento e compromisso social, pois a nossa falta de perspicácia conveniente, quanto a visão das entre linhas da verdadeira face dessa sociedade hipócrita, nos permite ser quem somos na mudança, que esse nosso país precisa, para oferecer dias melhores ao seu povo.

É triste ver por essa ótica, mas a realidade esta se arvorando, esta saído dos trilhos como o ebola saindo da alcunha dos países africanos e atingindo os europeus e norte americanos. Causando um frisson único na comunidade nobre desses senhores feudais, em plena selva de pedras.

Poucas vezes vemos o Estado sair de sua uníssonora comodidade para oferecer aos seus fieis súditos, o povo em geral, uma segurança, uma interferência benéfica aos bolsos ou a verdadeira liberdade. Normalmente se vê o Estado, quanto aos seus interesses individuais, quando a classe dominante quer e precisa do poder, que pode estar em risco de cair em mãos do próprio povo, quando a localidade está em risco de guerrilhas de traficantes, em acidentes graves de toda ordem, em emergências calamitosas e em iminência de grave crise econômica. Enquanto que os protagonistas do dia a dia, sempre pedem socorro a imprensa, que é testemunha ocular de muitas famílias em prantos diante da câmera, em frente aos Prontos Atendimentos, em frente as escolas ou nas praças reivindicando seus míseros salários.

Mesmo assim, sob toda essa penúria, essa cegueira; essa falta de educação; imposição imperialista da classe mais favorecida ou imperialismo das grandes empresas; dos países mais desenvolvidos, mesmo com o corpo decrépito; sem emprego; com os filhos se enterrando nesse surto maléfico das drogas, mesmo com as filhas procurando na prostituição ou no banditismo as suas profissões; sem os serviços adequados a nossa realidade, que são pagos sob o julgo dos altos impostos; a casa, sendo uma palafita sob os lagos, ou morros de norte a sul; com tantos entãos, com tantos por quês, com tantas oportunidades não oferecidas por caprichos; por tantos homens e mulheres considerados sérios e de uma certa representatividade social estarem envolvidos como mentores em corrupção; com tantos brasis; o nosso país, ingênuo que seja, como a alma dos pássaros que ainda cantam em nossas devastadas florestas, como o rio, que se arrasta por tantas frestas, de pedras; barrancos de areia, manchas de óleo, poluições, secas para alimentar a esperança da vida; como as flores a vicejar em cada manhã, esse povo sofrido é solidário de alma. Sabe dividir a camisa amarela, ainda que ela esteja rasgada, mas para o frio desse mundo, que criamos, basta compreender que o calor único, vem do pouco.