O óbvio não é tão óbvio assim...

O óbvio não é tão óbvio assim...

Wellington Balbo – Salvador BA

Ao observar os processos de qualquer empresa, seja ela pública ou privada e em qualquer segmento, constata-se que os erros a atrapalhar todas as operações e causar constrangimentos com clientes e prejuízos de toda ordem ocorrem porque em alguma etapa da operação o tal do "óbvio" não foi feito.

É óbvio que o cliente ao não receber uma mercadoria a ele enviada a nota fiscal e seu respectivo boleto devem ser cancelados, caso contrário o cliente será cobrado por uma mercadoria que não adquiriu.

É óbvio que se um professor lançar a nota errada do aluno deve fazer a correção o mais rápido possível, caso contrário o boletim do discente sairá com a nota errada.

É óbvio que se eu dirigir o carro de minha empresa de forma indisciplinada poderei causar um sério acidente ou levar uma multa de trânsito.

O mesmo se dá nos relacionamentos humanos que, não raro azedam porque faltou a observação do “óbvio” por um dos envolvidos.

É o amigo que se esquece de dar o parabéns.

O cônjuge que não se recorda da data de casamento.

O filho que deixa de telefonar aos pais em datas especiais.

As lembranças seriam óbvias em se tratando de pessoas que amamos e estimamos, mas...

Mas, sejamos sinceros: O óbvio parece ser a parte mais complicada de se realizar, porquanto comumente é ignorado.

Entretanto, já que falamos tanto de óbvio vejamos como o dicionário define esta palavra: Que está diante dos olhos; que salta à vista; manifesto, claro, patente.

Interessante definição, porém com observação um pouco mais acurada dos processos e da própria condição de seres humanos em construção cai por terra, porque nem sempre o que está diante de seus olhos está do meu.

Nem sempre o que para você é elementar o é para mim e, também, nem sempre o que para mim é fundamental o é para você.

E por quê? Porque somos seres diferentes e com isso enxergamos a vida e as situações que a compõem de forma completamente distinta da que outras pessoas enxergam.

Criados por Deus simples e ignorantes estamos a custa de tropeços, quedas e arribadas aprendendo a lidar com o óbvio.

Impossível, portanto, falar que o óbvio para um é o mesmo óbvio para todas as criaturas.

Ilustrativa a história da esposa que gostando de comer o miolo do pão não o fazia para dar ao marido. Na concepção dela era óbvio que o marido gostava do miolo. Eis que um dia, já cansada de tanto comer casca de pão rebela-se e decide comer o miolo deixando a “parte grotesca” para o cônjuge. O esposo diz então: Meu bem, que linda prova de amor! Obrigado, você deixou de comer a casca do pão para dar a mim e por isso estou muito feliz. Por 25 anos sempre quis comer a casca do pão, mas para mim era óbvio que é da casca que você gosta.

Pois é...

Cada um com o seu "óbvio".

Você provavelmente deve estar se perguntando: Ora, se você afirma que o óbvio não é tão óbvio assim porque depende da condição de cada criatura enxergar mais ou menos as situações da vida, como, então, melhorar processos em empresas ou mesmo o relacionamento humano a fim de atingir excelência?

Simples. Esses enganos e desenganos que surgem e ressurgem por conta de não nos atentarmos que o óbvio para nós não o é para o outro podem ser sanados com comunicação.

Basta iniciar nas empresas, no recinto religioso ou no lar um processo de compreensão de que é preciso comunicar-se de forma eficaz e clara, sem querer adivinhar ou pensar pelo outro. Sem considerar que o meu óbvio é o mesmo que o seu óbvio.

Portanto, fundamental falar abertamente o que se espera e o que se quer não deixando nada subentendido para que as pessoas “pesquem”.

Seja, pois, claro em suas atitudes, fale com firmeza com sua equipe, seu esposo, seus filhos e deixe transparente o que você quer e espera deles, porque, sejamos sinceros:

É óbvio que o óbvio não existe.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 29/12/2014
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