Sem título

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O ex-presidente "L" esteve hoje em São Paulo, não conversou com a imprensa e, do alto de um palanque bradou que enquanto o Pt governar o Brasil e São Paulo os bolivianos podem se sentir em casa, ou algo do gênero. Fiquei sem entender. Porém, de estalo, minha mente voou para Otávio Tarquínio de Souza e sua descrição sobre os desmandos de D. João VI ao instalar a corte em terras cariocas. Tarquínio menciona o comportamento desairoso dos portugueses, a duquesa de Cadaval e sua nova residência nas Laranjeiras: "Para alojar toda essa gente entraram em execução as odiosas aposentadorias, espécie de mandato de despejo sem nenhuma formalidade".

O Brasil possui uma intrincada lógica, que ainda por cima se dá ao luxo de se repetir, ao longo da história.

Segue abaixo fragmentos do noticiário alternativo, não me parecem
propaganda pré-programada e engendrada por velhas engenhocas de produção de medo, tampouco necessariamente refletem a opinião desta página, mas são dignos de nota:

"Sites de petição on-line já somam mais de 1,5 milhão de assinaturas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff".

"Itamaraty deixa de pagar contas de água e luz em embaixadas. Após reclamações de diplomatas, Ministério das Relações Exteriores informou que despesas devem ficar limitadas ao pagamento de contratados locais. Além de contas de água e luz, os custos para dar apoio a brasileiros lá fora também não serão pagos".

"Brasil perde direito de votar em tribunal da ONU por falta de pagamento".

"O governo Dilma Rousseff aboliu do dicionário da República os termos 'apagão' e 'racionamento', mas vamos aos fatos: com o consumo de energia batendo recorde atrás de recorde e os níveis dos reservatórios em baixa, no fundo do poço, a conta não fecha. Algo precisa ser feito. Ou, ao menos, dito', escreve colunista (via Politica Estadão)".

"A presidente Dilma, sumida há 30 dias, reapareceu... na Bolívia! Dilma, ao lado de seu companheiro Nicolás Maduro, foi prestigiar a posse do boliviano Evo Morales em seu terceiro mandato consecutivo. Sobre as últimas medidas de seu governo, entretanto, nenhuma palavra da presidente brasileira sobre: Aumento na conta luz e nos juros da casa própria, volta do CIDE (imposto sobre combustíveis), aumento do IOF, IPI, apagão de energia, inflação alta, PIB baixo, redução de benefícios do trabalhador, veto da correção do IR".

"Criação de empregos desaba 64%, extrato recorde em 15 anos".

Juan Arias, do El País, rumina como é que milhões de pessoas se mobilizam sob chancelas tais quais: Parada Gay, Marcha Evangélica, Liberação da Maconha, etc., mas não há nenhuma marcha contra a corrupção.

"CONTAS EXTERNAS DO BRASIL FECHAM 2014 COM O PIOR RESULTADO DESDE 1947".

"Universidades federais já sofrem desde o ano passado com falta de recursos e neste ano (2015), com o corte de mais R$ 7 bilhões do orçamento da Educação, a situação tende a ficar muito pior". (Pátria Educadora....).

"Gasolina no Brasil já custa 61% mais do que o preço internacional".

Nesse trecho podemos inaugurar uma sessão de Coisas Estranhas, com 3 palavrórios sobre o mesmo assunto, realmente estranho:

* "Dilma libera financiamento para mais um governo ditatorial construir uma usina hidrelétrica na Nicarágua".

* * "O consórcio Centrais Hidrelétricas da Nicarágua (CHN), do qual fazem parte a estatal brasileira Eletrobras e o conglomerado brasileiro ...".

*** "O Brasil vai construir uma hidrelétrica de US$ 1 bilhão na Nicarágua, em um projeto que envolve a Eletrobrás, a empreiteira Queiroz Galvão e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)".


E agora, na Sessão Rumores Sinistros, algo muito esquisito:

"A página do Ministério da Justiça no Facebook postou um vídeo de chamada para 'Regulamentação do Marco Civil da Internet' no dia 15 de Janeiro".

Ops...


* * *


Com exceção do primeiro parágrafo (continuo sem entender - se os bolivianos estão em casa, onde estão os brasileiros?), o painel acima é um mix ou se preferir colcha de retalhos cerzida em mídias diversas. Fiquei com a ligeira impressão de sermos uma nação de idiotas, mas talvez seja só impressão, devido ao clima. Daí, por ventura, a ausência de título. Encerro com um trecho de carta antiga, para alegria dos presentes:

“Acredito que é meu dever mostrar as coisas como elas são, não como as pessoas gostariam que elas fossem". Alexander Hamilton, carta para Robert Morris, 13 de agosto de 1782.



(Imagem: J. Howard Miller)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 24/01/2015
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T5113071
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