Existencia consumada

Existência consumada

Por a fragilidade pessoal como critério de verdade e de afirmação da própria identidade e ancorar nessa os ditames de uma existência autêntica e sincera, eis um modo para viver a serenidade de espirito e não deixar que a falsidade e as máscaras incidam em um jeito de ser e viver com fingimentos, perplexidades e mentiras.

Uma personalidade totalmente livre de engrenagens, penso ser meio difícil de encontrar, especialmente quando se preza muito pelas opiniões e pela aparência; entretanto, quando a pessoa se sente livre de ser o que é e não ter medo de se apresentar na sua mais terrível o fascinante realidade, então encontramos alguém que se pode dizer: uma pessoa autêntica, um sujeito coerente ou uma existência livre.

Geralmente, as pessoas que são livres ou buscam viver a liberdade como tradução da própria dignidade, são destinadas a pagar um preço alto e sofrer perseguições, pois a sociedade do espetáculo não tolera quem revela a simplicidade e a espontaneidade de viver a vida. Complica-se e procura-se meios de não ser feliz, ou seja, pecamos muito em viver em função de coisas ou pessoas e esquecemos de ser feliz. Ilude-se e deseja-se o que não se tem e almeja-se ser o que não se é e tudo isso transforma a existência em um consumar-se por questões inúteis e perde-se o gosto de saborear as pequenas e reais manifestações de joia e de felicidade que se possa experimentar.

O dinamismo da experiência humana leva ao paradoxo da própria realização da pessoa como destinado à felicidade, isto é, para que uma existência seja útil e não se lamente das insatisfações e frustrações, necessita que seja uma existência consumada por razões de senso e de significado. O amor gratuito e a dedicação do próprio tempo por situações que levam os outros a viverem melhores, é o passaporte para uma vida que sente o prazer de ser vivida.

O medo de não agradar os outros ou a pusilânime educação que incentiva a formular identidade falsa, causa dor, desesperação e perplexidade, dado que o individuo vive dividido entre o que realmente é e sente de ser e as exigências que ao longo de sua mesma vida se foi idealizando e construindo.

Chega-se um momento que se deve decidir entre a imagem de letras mortas e retratos mal elaborados e a despretensiosa fisionomia de si, que ainda que não seja a idealizada, mas é a real; nesta encruzilhada um deve ser consciente que pode ser mal interpretado, excluído ou negado, ou seja, de pagar o preço da própria liberdade ou pode recolher os aplausos e viver na dicotomia.

Certamente existem as pessoas superficiais e que se satisfazem com a banalidade do aparecer e não entram em sincero vínculo consigo mesmas; existem as que não prendem seriamente o próprio viver; a provisoriedade e a precariedade do ser-no-mundo não devem levar ao indiferentismo ou a lei da vantagem, mas a consumar-se por ideais e realizações que façam encontrar a própria identificação e felicidade, ainda que exija-se sacrifícios e renuncias. Para ser feliz basta ser o que se é e não o que se imagina de ser. Viver é a arte mais complexa e mais importante!

Pejotaribeiro
Enviado por Pejotaribeiro em 12/02/2015
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