O QUE POUCA GENTE CONHECE

O QUE POUCA GENTE CONHECE

“Atendamos às exigências da jornada evolutiva, recebendo a dor por nossa instrução divina”. (Carlos Augusto)

A troca natural da palavra latina crear pelo neologismo moderno criar, é aceitável dizem os teólogos, em nível de cultura primária, favorecendo a alfabetização e dispensando o esforço mental – porém não é aceitável em nível de uma cultura superior, visto que deturpa o pensamento. Crear é uma bela manifestação em forma de existência, mas criar transforma-se em transição de uma existência para outra. O poder de Deus é Infinito, esse poder é o creador do Universo, diferençando do homem que é tão somente um criador de gados, de galinhas, de riquezas, um fazendeiro, mas em termos divinal nada crea. Existem entre os seres hominais os chamados gênios ou espíritos superiores encarnados, embora não sejam também criadores. “Um aspecto que chama a atenção pode ser vista na “Lei de Lavoisier”, na natureza nada se crea e nada - se aniquila - tudo se transforma”, se tivermos a audácia de grafarmos “nada se crea, a lei continua certa, porém se escrevermos “nada se cria”, ele se transformará em uma lei falseteada”. No Cristinianismo e na Cristicidade algumas nuanças podem ser observadas. Quando Nietzsche disse que se o Cristo voltasse ao mundo nos dias atuais, uma das primeiras declarações que Cristo faria seria: “Povos Cristãos, sabei que eu não sou cristão”. Sou um hebreu. O grande Mahatma Gandhi dizia a todos os missionários cristãos que desejam lhe converter: “Aceito o Cristo e seu Evangelho, não aceito o vosso cristianismo”. Albert Schweitzer, teólogo cristão e filho de um ministro evangélico, escreveram: “Nós injetamos nos homens o soro da nossa teologia, e quem é vacinado com o nosso cristianismo está imunizado contra o espírito do Cristo”. É impossível identificar o Cristo com alguma organização religiosa: qualquer tentativa destas é necessariamente uma deturpação e uma falência.

Toda organização é produto do ego, e esse ego é, por sua natureza, egocêntrico, e por isso anti-cristico. O que pode haver é uma experiência crística individual, mas nunca uma organização cristã social. O cristo nunca organizou nada, nem no âmbito religioso da Sinagoga de Israel, nem no setor civil da política do Império Romano. A sua atuação foi exclusivamente indireta, por espontâneo transbordamento da sua própria plenitude, porque, como diz Paulo de Tarso, nele habitava corporalmente toda plenitude da Divindade. O Edito de Milão foi o fim de três séculos de cristicidade, e o principio de muitos séculos de cristianismo, social, político e militar. O cristianismo de Constantino continua até hoje no mundo oficial, das igrejas e de alguns governos. A verdadeira mensagem do Cristo é perfeitamente compatível com a mais alta evolução cultural da humanidade, mas não com as nossas teologias cristãs. Sendo a maioria das organizações religiosas constituídas de massas de pouca evolução, devem os membros delas crer o que podem crer, sabendo, porém, que a verdadeira mensagem do cristo é algo infinitamente mais sublime, consistindo na realização do reino de Deus na vida diária. Essas conotações aqui expostas não têm sentido critico, mas somente mostrar como análise mais profunda, a que representa O Cristo para a humanidade. O mistério da eterna fascinação do Cristo, amor sem medida se tem jurado ao Cristo, todo homem é inconscientemente o que Cristo é conscientemente, e o que nós somos potencialmente. A fascinação que sentimos em fase do cristo é a visão do nosso próprio Eu, se fosse plenamente realizado. Contemplamos o nosso “sopro divino” embrionário na adultez da “imagem e semelhança de Deus”. “Vós fareis as mesmas obras que eu faço, e fareis obras maiores do que estas”. O nosso Cristo-amor é um auto-amor em outra dimensão. É amar o nosso Cristo interno no Cristo eterno. Todo o auto-amor, que parece alo-amor, é um Teo-amor. Que é Cristo? Jesus não aceita a resposta, porque de fato, o Cristo não é filho de Davi. Esta confusão entre Cristo e Jesus é, pois, antiqüíssima, e continua até hoje. Que é Cristo, o Ungido, que os antigos hebreus chamavam Messias, o Enviado? O quarto Evangelho designa o Cristo com a palavra Logos, começando o texto como estas palavras: “No principio era Logos, e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus.”. A palavra Logos é muito anterior à era Cristã. Os filósofos antigos de Alexandria e de Atenas, sobretudo, Heráclito de Éfesos, designavam como Logos o espírito de Deus manifestado no Universo. Logos seria, pois o Deus imanente, em oposição à Divindade transcendente, que não é objeto de nosso conhecimento. Logos, Verbo, Cristo são idênticos e designação a atuação da Divindade Creadora, a manifestação individual da Divindade universal. Neste sentido, O Cristo é Deus, mas, não é Divindade. E neste sentido diz ela aos homens: “Vós sois deuses”: os homens são manifestações da divindade universal. “A primeira e mais perfeita da Divindade Universal, no Universo, é o Cristo, o Verbo, o Logos, que Paulo de Tarso chama acertadamente “o primogênito de todas as creaturas” do Universo”. O Cristo é anterior à creação do mundo material. Ele é, “o primogênito de todas as criaturas”.

O Cristo não é creatura humana, mas a antiga individualidade cósmica, que, antes do principio do mundo, emanou da Divindade espiritual. O Cristo é deus, mas não é Divindade, que Jesus designa com o nome de Pai: “Eu e o Pai somos um, mas o Pai é maior do que eu”, Deus, na linguagem de Jesus significa uma emanação individual da Divindade Universal. O Gênesis de Moisés principia com as palavras: “No princípio crearam os Elohim o céu e a terra”. Parece, pois, que as Potencias Creadoras (em hebraico Elohim) saio idênticas ao Logos, pelo qual foram creadas todas as coisas. Elohim, Logos, Verbo, Cristo, são nomes que designam a creatura cósmica que, antes dom mundo material, emanou da Divindade transcendental. A Divindade, o Infinito, a Absoluto, não é objeto de nosso conhecimento. Tudo que sabemos se refere ao Relativo, ao fluídico, ao Evolvível, que está em incessante evolução. Por isso afirmamos que o Espírito jamais retrograda, pois a sua experiência terrena tem um sentido as provas e expiações, e são elas que fazem com que os espíritos evoluam e jamais retrogradem.

Referem os livros sacros que o Cristo, a mais antiga creatura cósmica, se encarnou na pessoa humana de Jesus. Entretanto sendo o Cristo o maior dos Avatares do Universo conhecido, pode interpretar a encarnação dele pelas normas dos outros avatares, de que a falar em outras ocasiões. Avatar significa um grande deus encarnado. Jesus veio a Terra em forma de homem e mesmo como um ser superior teria que obedecer as Leis Divinas, as Leis de Deus e nascer como um ser humano comum. Nove meses de gestação, relação sexual normal, nascer viver, crescer evoluir e morrer, pois se assim não o fosse ele estaria derrogando a Lei do Pai. E isso jamais seria permitido, por isso Jesus nada mais é do que a encarnação do Cristo Cósmico.

Inspiração no livro de Huberto Rohden-“Que vos parece do Cristo”?

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 06/06/2007
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