A FESTA DOS VAMPIROS

Em cada rua, em cada esquina existe pelo menos um barzinho, uma lanchonete, uma padaria. Nestes estabelecimentos não é difícil encontrar as tais maquininhas da sorte ou como são popularmente conhecidas as máquinas “caça níqueis”. Nesta semana só em uma rua contei a título de curiosidade oito estabelecimentos onde existem em cada um cerca de cinco ou seis maquininhas. Entrei em uma padaria e pedi um cafezinho. Enquanto degustava o café pude observar a freqüência com que algumas máquinas eram utilizadas. Os usuários destas máquinas são pessoas simples, assalariadas, às vezes até desempregados no afã de conseguir algum dinheiro tentando a sorte. Difícil é encontrar uma máquina desocupada porque sempre tem alguém utilizando na esperança de conseguir alguns trocados acertando na jogada. Desconheço alguém que já tenha utilizado estes equipamentos e conseguido algum ganho.
Ah! E tem os bingos! Quem não conhece ou pelo menos nunca viu um bingo? São casas especializadas em exploração de jogos, a exemplo dos “caça-níqueis” das padarias ou dos bares. Só que os bingos não são utilizados por pobres trabalhadores ou viúvas assalariadas e sim em sua maioria por bem sucedidos senhores (homens e mulheres) aposentados em busca de aventuras e passatempos que passam longas horas “divertindo-se” com os amigos, extravasando suas alegrias e gastando pequenas fortunas nestas casas de jogos. Para estes senhores o que gastam não importa e sim a adrenalina que liberam na esperança de alcançarem a vitória. Viciados nestes aparentemente inocentes jogos, não se dão conta de que o dinheiro que deixam nas máquinas são utilizados muitas vezes de forma inescrupulosa.
É uma praga que se espalha pelas ruas, pelos bairros, pelas cidades e estados. Virou febre tentar a sorte jogando nestes bingos e nestas máquinas que de moeda em moeda, de cédula em cédula financiam uma indústria de exploração da boa fé das pessoas que iludidas pela possibilidade de ganho fácil, patrocinam “empresas” que são organizações criminosas visto que atuam às margens da lei.
As cidades são loteadas e demarcadas pelas “empresas” que estabelecem total controle, defendendo estes territórios às vezes utilizando-se de recursos violentos e inescrupulosos. No controle de tudo isto está um seleto grupo de senhores de conduta dúbia e inidônea que se engalfinham entre si pelo comando totalitário de todo este império de manipulação popular por meio de suas máquinas viciosas e seus bingos irregulares. São homens incrustados na sociedade que passam a imagem de pessoas de bem e que na realidade escondem as mais vis atitudes gananciosas e mesquinhas para cada vez mais aumentar seus patrimônios. Quando ameaçados não medem esforços para contornar situações utilizando-se de violência armada, corrompendo policiais, políticos e magistrados encontrando assim respaldos para seus “negócios” escusos à custa de polpudas propinas.
Enquanto pessoas enganadas na sua boa fé desfazem-se de seus recursos, verdadeiras fortunas são edificadas proporcionando aos “banqueiros” uma vida confortável com suas famílias e seus amigos mais chegados sugando o sangue destas pessoas através dos bingos e dos “caça-níqueis”. É uma grande festa de vampiros!

* Esta crônica está no livro "Ponto de Vista" a ser lançado brevemente com artigos, contos e crônicas. É proibida a cópia ou a reprodução sem a minha autorização. Visite meu site: www.ramos.prosaeverso.net  
Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 07/06/2007
Reeditado em 17/10/2009
Código do texto: T518065
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