Quanto vale a vida hoje?

Enquanto assistia ao jornal lá pelas oito da noite fiquei parado ouvindo uma entrevista que certa senhora dava ao jornalista. Ela falava com os olhos ainda marejados por causa da profunda dor que sentia lembrar-se do filho morto por um vagabundo, e adivinhem, de menor idade. O filho fora assassinado quando entrava no carro ao sair da faculdade de engenharia. Ele estava no ultimo período. O que me levou a ficar pensando. Aquele jovem estudara tanto. E quantas vezes deve ter passado por maus bocados, chegando tarde em casa e perdendo noites de sono?

Será que foi tudo em vão? Todo o tempo que devotara, tanto empenho para terminar de forma tão cruel? Ele tinha um sonho que nem sequer chegou a concretizá-lo. O que se deve a tudo isso? Quem vai pagar por isso? E pagar resolve a questão do filho que se foi?

O jornalista lhe perguntava com um semblante de alívio forçado se ela estava se sentindo melhor por que o menor tinha sido capturado...

A senhora com profundo vazio no olhar, com a foto do filho na mão tremula dizia que sim. Era como se aquele jornalista a induzisse a aceitar o fato de que, com ele preso tudo estaria resolvido. Missão cumprida. Ah, pelo amor de Deus! E a vida daquela senhora? Quem ia trazer seu filho de volta? Decerto aquela senhora como qualquer pai e entre tantos outros que perderam alguém assim, jamais se recuperarão. Pois tiraram deles filhos, pais, mães, irmãos, amigos... Ceifaram deles a paz interior e a liberdade...

Diante de uma covardia dessas, nem cometendo as piores atrocidades com tal bandido traria alívio verdadeiro. Aliás, nada trará esse alívio. Como nós somos vulneráveis nesta vida! Matamo-nos de trabalhar, fazemos de tudo ao nosso alcance para proteger nossos filhos e depois de compreender que não controlamos nada, não podemos mudar o passado e com grande incerteza do amanhã, somos apenas miseráveis sobreviventes de cada dia...

Geovani Silva
Enviado por Geovani Silva em 30/05/2015
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