DESACORRENTANDO UM MONSTRO

Através da mídia estamos vendo um mundo horrorizado com as práticas medievais do Estado Islâmico contra seus inimigos “infiéis”. Esse horror escancara uma das nossas facetas que tentamos esconder. Do quanto somos seres irracionais.

E sempre me pergunto: No que o Estado Islâmico se difere das Cruzadas e da Inquisição? Não se difere em nada. Se existe algo que distancia o primeiro das outras duas é o tempo e a tecnologia.

Que tipo de conteúdo teriam os vídeos postados, se na época das Cruzadas e da Inquisição já existisse a internet? Com certeza, muito parecidos aos de hoje. Até piores. A minha única dúvida é com a reação de horror dos governos e da mídia. Já que seriam postados por reis e seus súditos, padres, bispos, cardeais. Quem sabe por papas.

Do pecado que te joga no inferno, a vida eterna no céu, a propagação das religiões a qualquer tempo se dá pelo terror. Pelas misericordiosas lavagens celebrais. Elas sobrevivem se alimentando da irracionalidade humana. Uma espécie comum de vírus animalesco.

Nenhuma religião teria a capacidade de coexistir com uma civilização racional. Elas não fariam sentido. É uma pena que na nossa, racionalidade seja pura utopia.

Pela constituição o Brasil é um país laico. Devagar se percebe aqui e ali, os primeiros sinais de intolerância religiosa. No mesmo tema, nos deparamos com outra aberração. É o STF quem decidirá sobre o ensino de religião nas escolas brasileiras.

Só falta começarem pregar que a religião salvará nossos jovens. Assim como muitos imbecis pregam com o esporte. E de repente, teremos lobos solitários na nossa porta.

O Brasil está prestes a desacorrentar um monstro perigoso. Pior ainda, é não saber nas mãos de quem estaremos colocando a chave. Professores, lunáticos ou charlatões? Sem esquecer que o antídoto contra as lavagens cerebrais é a fé. Infelizmente nos seres irracionais como nós, a fé não costuma ir além da letra F.

Se o ensino religioso for oficializado no país, nosso futuro ganhará outra variante obscura. Para onde, o que começa como intolerância poderá nos levar? Sou um vidente? Lógico que não! Qual vidente afirmaria que vinte e cinco anos após o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o país estaria discutindo a maioridade penal?

No auge da Guerra Fria, existia um relógio que se aproximava da meia-noite mostrando o quanto estávamos próximos ou distantes de uma guerra nuclear. Esse relógio se aplicaria perfeitamente as religiões. No momento, elas estão muito mais próximas de acabar com o mundo, do que de salvá-lo. Exemplos não faltam.