HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL (II)

A “questão homérica”, isto é, se a ILÍADA e a ODISSÉIA’ são obras coletiva ou individual é abordada por Carpeaux como quem faz um mergulho profundo em águas de um oceano muitas vezes navegado. Diz textualmente:

“...Para nós outros, Homero não pode ser outra coisa senão símbolo de uma grande obra literária, puramente literária e capaz de ser discutida. Por isso, a autenticidade das epopéias – a famosa “questão homérica” - teria tido a maior importância para os gregos antigos, a mesma que tinham nos séculos XVIII e XIX as discussões entre os teólogos sobre a autenticidade dos livros bíblicos. Para nós, a questão homérica, que tanto apaixona filólogos e arqueólogos, é de importância bem menor...”

O escritor cita Matthew Arnold, dizendo que este no ensaio sobre a arte de traduzir Homero define o “realismo homérico” estilisticamente nestes termos: “ o estilo de Homero seria rápido, direto, simples e nobre”. Acrescenta o autor: “ Homero fala de tudo o que é humano; inclui na vida humana os deuses, que têm feição nossa, mas também o lado infra-humano e até animal da nossa vida”.

Homero fala das fadigas físicas, comida, amor, tudo enfim. Aparentemente monótono, “parece dizer-nos : vejam, a vida humana é sempre assim, é eternamente assim; e esse aspecto das coisas sub specie aeternitatis dignifica tudo, sem desfigurar jamais tudo, sem desfigurar jamais a verdade”

Carpeaux detalha: “Homero-ou como quer que se tenha chamado o poeta, não importa- consegue o milagre de dar vida verdadeira em fórmulas fixas, em clichês. Não importa se isso é resultado das capacidades inatas de um povo genial ou do trabalho de um gênio poético...”

samuel filho
Enviado por samuel filho em 16/07/2015
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