DESCENDO DO MURO

Não vi motivo nenhum para a mídia e os analistas políticos, tratarem com tanto estardalhaço o rompimento do presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha com o governo petista de Dilma Rousseff.

Desde a briga pela presidência da Câmara, todos sabiam que Eduardo Cunha nunca seria um aliado. Acredito que ele apareceu no cenário político com uma missão Seu script é bem definido. Esse dito “isolamento” pregado por lideranças peemedebistas é conversa de boteco depois da quinta dose. No domingo Renan reforçou essa hipótese.

Desde o fim do segundo mandato do ex-presidente Lula, o PMDB vem ensaiando um “cansei de você”. A única coisa que os aliados esquecem é que querendo ou não, eles são corresponsáveis pela crise política e econômica do Brasil. Pela “escuridão do filme de terror sem fim”. Ou do “cachorro correndo atrás do rabo”. Como disse Renan.

Ironicamente trouxeram uma “cunha” para partir de vez a canoa já furada do governo, da qual o PMDB, maior aliado não vê a hora de desembarcar. A percepção é de que se desembarcarem agora sairão com lama pela cintura. Se esperarem tempo demais, a lama poderá chegar ao pescoço.

O PMDB encontrou um bom atirador, e não pesou muito as consequências posteriores. Simplesmente entregou a metralhadora nas mãos de Eduardo Cunha. Com pretensões políticas nebulosas Cunha está longe de um Hugo Chávez, mas pode se camuflar de Evo Morales perfeitamente.

Dias antes de Eduardo Cunha se autodenominar oposição, o PMDB tinha dado o primeiro passo para descer do muro. O partido praticamente decretou o fim da aliança com os petistas, anunciando que em 2018 quer ser cabeça de chapa.

O anúncio de que o PMDB está querendo deixar de ser coadjuvante para tornar-se protagonista e que tem um projeto de governo, poderia ser uma boa notícia. Infelizmente não é. O motivo é simples. As três figuras que apareceram discursando. Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Michel Temer.

Não é difícil de imaginar como seria o projeto político de um partido comandando por essas pessoas. E certamente o candidato mais “competitivo” sonhado por Renan Calheiros, também está entre os três. Uma coisa é certeza. Se essas pessoas têm algum projeto, infelizmente é pessoal. Todos sonham ser presidente do Brasil. O resto...

A tarefa de descer do muro será complicada. A primeira incógnita é saber a reação dos brasileiros com o PMDB, depois de passar duas décadas e meia nas sombras. Sempre mais atrapalhando quem estava no governo, do que ajudando. Mesmo assim, se essa decisão provocar o fim do petismo merece uma comemoração. Eu brindo!