Um encontro com o Tempo

por Robson Joaquim

Não era tão tarde assim, mas cansado resolvi ajeitar-me no sofá apenas para relaxar um pouco, e acabei pegando no sono, pois já estava caminhando por entre os bosques que dá acesso àquela montanha onde costumo ir em meus sonhos, porque de lá do alto contemplo toda a cidade e reflito sobre meu dia. Parecia-me tudo normal até me encontrar com uma pessoa que dizia ser o próprio “tempo”.

Foi acidental, juro! Na pressa em isolar-me naquele alto acabei esbarrando nele, nos apresentamo-nos e ele então me arrastou para o Banco da Vida e em pouquíssimas e sábias palavras explanou-me sobre seu trabalho. Durante alguns minutos apenas escutei sua majestosa filosofia sobre o tempo de tudo. Deixou-me entretanto, desconcertado quando me perguntou: Diga-me jovem, qual a sua missão de vida e quanto tempo pretende consumir para realizá-la?

Desprevenido, montei uma lista na cabeça que parecia crescer a cada milissegundo e, não querendo desapontá-lo, citei apenas três delas aleatoriamente. Ao recitá-las tive a impressão de que elas foram colocadas em julgamento naquele exato momento. Será que eu realmente acreditava nelas? Refleti se havia feito as escolhas certas para minha vida, cheguei a pensar que o tempo iria me criticar de alguma forma, mas nada disso ocorreu. Ele apenas sorriu, sem pressa, mas seus olhos diziam brilhantemente não perca tempo, faça-as!

Muito gentilmente o tempo orientou-me, e parecia bom, pois cada palavra tinha-me um valor incalculável e, estas foram algumas delas:

Sobre a poção de tempo que foi lhe dada, não possuas um alto consumo desperdiçado, não o perca naquilo que não for seu objetivo e nem o contamine com bobagens alheias, muito menos interfira no tempo dos outros causando lhes desconcertos. Saiba apreciar a riqueza que lhe foi concedida, não espavente para longe nem o desvalorize tornando insuficiente para conquistar o que desejas, não! Aproveite cada fração dele, aprecie-o com muito amor e carinho, pois passa muito depressa, não venhas te culpes num futuro próximo ao olhar o quanto tempo foi perdido. Despediu-se e em calmaria saiu como se aproveitasse cada passo dado, deixando-me com as minhas reflexões.

Continuei apreciando a paisagem lá do alto, as pessoas, lá embaixo eram como pequenos grãos que se movimentavam entre as ruas. Senti-me como se fosse uma águia no seu ninho, distante da tempestade. Bastaram apenas alguns minutos para que pudesse retornar a realidade e tomar coragem de anotar tudo: Os sonhos, os passeios, as aventuras e os planos a realizar ainda, além de reservar uma grande parte deste tempo e desfrutar com quem amo.

Na verdade, compreendi que o tempo possui uma forma surpreendente de nos mostrar o que realmente importa, o tempo vivido não se trata apenas de passar os dias em luxos demasiados, mas sim, de saborear os prazeres da vida. Cada segundo dele é uma dádiva. O tempo é o momento concedido, livre e simples, exatamente perfeito, sem culpas ou arrependimentos. Aproveite-o da melhor forma possível. E, acredite, ele não volta mais.

Robson Joaquim
Enviado por Robson Joaquim em 29/08/2015
Código do texto: T5363304
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