A DEMOCRACIA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Estar informado é exigência dos tempos atuais. Os meios de comunicação de massa satisfazem essa necessidade. E não é somente o rádio e a televisão que nos aproximam dos acontecimentos em tempo real. Para distinguir a premência da modernidade até mesmo os impressos se valem de plataformas digitais ininterruptamente alimentadas.

Travam-se as relações sociais em uma realidade plena de significados. E a mídia, como se nota, registra essas ações sob ângulos variados e formas minuciosas.

A Carta Magna assegura a liberdade de expressão. Como resultado, nem mesmo o poder constituído se faz imune às críticas. Essas, quando expendidas em favor do interesse público, são mais úteis que o incondicional apoio às iniciativas governamentais.

O Estado ideal, por sua feita, não deve temer a luz da realidade espelhada nos meios difusores, e nem o cidadão deve se afastar da racionalidade ou dispensar a consciência reflexiva. Em favor de uma sociedade evoluída, o invólucro messiânico das fórmulas políticas deve ser confrontado pelo senso crítico.

Platão nos alcança, em sua obra "A República", através de uma esplêndida metáfora, a noção de que o racional deve sobrepor-se às sensações.

A condição humana, com vistas a uma proveitosa leitura da realidade que é exposta nos múltiplos canais de comunicação, indubitavelmente deve evoluir para fora da caverna onde muitos, de forma descuidada, ainda estão aprisionados.

Para testemunhar o desenvolvimento social e acompanhar os fatos em toda a sua profundidade, os meios de veiculação necessitam da liberdade, valor indispensável ao aperfeiçoamento democrático que não pode se privar do informe universal e tampouco das manifestações originadas de inúmeras correntes do pensamento.

No presente, não basta sair ao encalço dos fatos políticos, do engenho tecnológico e das produções artísticas que se sucedem em representações tempo-espaciais dinâmicas e variadas. A incumbência dessa área de serviço vai além da notícia como fio condutor da realidade. Faz-se igualmente necessário destacar a ética no comportamento humano.

Apesar da desenvoltura dos meios de comunicação, é bem verdade que no tempo atual se constatam alguns fatores inibitórios. Existem constrangimentos, alguns de natureza econômica, impostos ao exercício da crítica. A generosa publicidade governista pode, em tese, interferir na vocação editorial.

Também o irrestrito alinhamento ideológico, não raro, implica em subordinação política, concorrendo para que os fatos sejam editados de forma tendenciosa.

Por vezes ainda, algumas mídias, sobretudo em sociedades conservadoras, abrem mão da independência e parecem fazer parte da própria estrutura do poder público ao divulgar apenas as conveniências governamentais.

De qualquer sorte, evoluindo nesse relevante tema, é possível que se atinja o estágio de muitos países desenvolvidos, onde a televisão, o rádio e o jornal sem serem meros repetidores de uma matriz, caso específico das emissoras em rede, contribuam para o estudo de problemas locais, divulgando em maior espaço a comunidade em uma interação básica, que atualmente é descuidada pela centralização política, econômica e cultural.

No apropriado as interpelações locais, ressalte-se a importância das divulgações comunitárias e dos meios gerenciados pelas escolas do ensino superior que mantém a disciplina chamada Prática de Comunicação e Expressão. Através desse crédito de vital importância, estudantes qualificados exercitam e desenvolvem, malgrado o escasso incentivo dos órgãos públicos, um virtuoso processo interativo ao dar voz às necessidades da própria aldeia.

É possível também que o debate, sempre vivo acerca dos meios de comunicação, acentue ainda mais a necessidade de se preservar os atributos críticos em uma sociedade que clama por mudanças, pois a mentalidade que apenas reverbera as conveniências institucionais é própria de uma vertente descomprometida com a liberdade, valor que nos é tão caro por cumprir uma importante função na consolidação democrática.