Os Romanos na Península Ibérica

INTRODUÇÃO

Comentamos no primeiro artigo dessa série, “Iberos, Nativos da Península Ibérica”, que no ano de 2013, nosso trabalho, “Matriz Brasil”, se voltou para as influências de nossa matriz indígena na cultura do povo brasileiro, ainda em formação.

Acrescentamos que, para o entendimento de nossa etnia, temos que garimpar sobre nossa matriz indígena, o colonizador português, e o escravo africano, as três etnias básicas componentes de nossa formação primeira.

Assim, nosso trabalho, “Mestiçagem em Preto e Branco”, que iniciamos em 2014 e que pretende entender as duas outras contribuições, para nossa etnia em formação, iniciaria pelas influencias do colonizador português e, o primeiro questionamento surgido foi: quem eram os colonizadores portugueses?

Como o artigo ficaria muito extenso dividimos essa primeira parte de nosso trabalho em: “Os Nativos da Península Ibérica, os Iberos”; já realizado;

Os Celtas na Península Ibérica; já realizado;

Os Romanos na Península Ibérica; objeto desse artigo;

Os Germânicos na Península Ibérica;

Os Mouros na Península Ibérica; e

Colonizadores Portugueses.

OS ROMANOS NA PENÍNSULA IBÉRICA

A INVASÃO ROMANA

Antes da invasão romana iniciada em 218 a. C., gregos e fenícios-cartagineses habitaram a península com interesse estratégico comercial. Estabeleceram feitorias comerciais costeiras. Entretanto, exerceram pequena influência nos povos da península. Os gregos contribuíram com o alfabeto greco ibérico utilizado anteriormente ao domínio do alfabeto latino.

O processo de conquista da Península Ibérica pelos romanos, que foi antecedido pela expulsão dos cartagineses na Segunda Guerra Púnica, teve início em 219 a. C. e só foi terminar durante o reinado do Imperador Augusto em 19 a. C. Entretanto, podemos dizer que a presença romana intensificou-se a partir do século I e persistiu até o V.

Os Romanos, habitantes da península Itálica, chegaram através do Mediterrâneo, à península Ibérica ou Hispânica, como era chamada.

Rapidamente e quase sem resistência, ocuparam a região sul, onde, anteriormente, fenícios, gregos e cartagineses tinham estabelecido no litoral algumas feitorias comerciais.

A RESISTÊNCIA CELTÍBERA

Como contraste a quase inexistência de resistência à invasão romana no sul, ao norte, Galaicos, ao centro, os Lusitanos opuseram-se à ocupação romana.

As tribos, que constituíram a resistência, aproveitavam-se do conhecimento sobre desfiladeiros e escavações provocadas pela erosão das montanhas, para montarem emboscadas e armadilhas aos romanos.

Com essas táticas para surpreender, conseguiram impedir, durante 200 anos, o domínio completo da Península pelos Romanos.

Nesse episódio de resistência, destacou-se Viriato, o mais célebre líder dos Lusitanos. Historiadores afirmam que esse pastor proprietário de terras e gado tornou inexpugnável a região compreendida entre o Tejo e o sudoeste da Península.

O domínio completo da Península deu-se antes do século I, com o assassinato de Viriato, cuja versão tradicional de ter sido morto por resistentes traidores comprados por Roma, tem hoje versão contrária de alguns historiadores, que concluíram que foi assassinado por traição à resistência.

O fato é que, encurralada nas montanhas, cercada cada vez mais de perto pelas regiões e populações romanizadas e lentamente esgotada, ou seduzida pelos novos costumes, a resistência enfraqueceu até desaparecer.

ROMANIZAÇÃO DA PENÍNSULA

Mesmo antes de pacificada a Península, os romanos transportavam para o território ocupado, além de suas legiões e equipamentos, sua forma de pensar e seu modo de vida.

Disso decorria a criação de nova ordem territorial. Esta nova ordem territorial incluía novas realidades político administrativas e processo social complexo.

Necessário ressaltar que, essa nova ordem não era imposta pela força aos povos conquistados, á medida que iam se expandindo. O domínio dos romanos, era feito por meio de implementação de novas realidades político administrativas, inteligentemente adaptadas aos distintos povos.

Esse domínio, conhecido como romanização, se consistiu em alterações: políticas; institucionais; econômicas; sociais; e culturais introduzidas pelos Romanos nos territórios do Império.

Foi determinante para esse processo a expansão do latim, a fundação de inúmeras cidades ligadas por vias de transporte e a miscigenação dos legionários com os nativos para constituição de famílias, o que favoreceu e facilitou a fixação dos usos e costumes romanos.

Além dos legionários, outro agente importante foram os comerciantes, que foram fundamentais no condicionamento de nova forma de viver, em termos de produção e consumo.

A língua latina tornou-se língua oficial, funcionando como elemento de comunicação entre os vários povos.

As comunidades, quase que na sua totalidade de montanheses, preocupadas com a segurança, passaram a viver nos vales ou planícies, em terras mais férteis e habitando casas de tijolos e cobertas de telhas.

Desenvolveu-se a indústria: olaria; minas; tecelagem; pedreiras; o que promoveu o desenvolvimento do comércio com o surgimento de feiras e mercados, com o uso e circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária, as famosas “calçadas romanas”.

Nas manifestações artísticas e na religião a influência romana fez-se sentir.

Tratou-se de profunda influência, que teve início ao sul, primeiramente conquistado, mas estendo-se gradativamente à medida que o domínio romano se expandia.

Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. Em resumo, como indicadores dessa nova ordem territorial, denominada “Romanização”, os principais são:

- Integração da Península Ibérica nas relações comerciais da bacia do Mediterrâneo;

- Uso generalizado da moeda para o comércio;

- Desenvolvimento da agricultura com novas culturas, trigo, ou tecnologia agrícola para culturas já existentes, vinha, oliveira;

- Desenvolvimento Industrial com a implantação de indústrias – salga de peixe, forjaria, olaria, tecelagem;

- Exploração de minas;

- Construção de estradas e pontes;

- Construção de Edifícios públicos – termas; teatros, templos;

- Construção de aquedutos e de coletores de esgotos;

- Introdução de novos materiais e métodos de construção – casas com tijolos, coberturas de telhas e pisos recobertos de mosaicos; repuxos d’água;

- Introdução de novos utensílios;

- Implantação: do Direito Romano; alfabeto latino, numeração romana e do latim como Língua; e

- Apesar de não ser criação romana, o Cristianismo foi adotado pelos mesmos, e implantado na Península como oficial.

A “Romanização” foi processo pacificamente aceito pela maioria. Viver ao estilo romano era para os habitantes locais aspiração e não castigo.

VESTÍGIOS E PRESENÇA DA ROMANIZAÇÃO

Vestígios bem claros dessa romanização podem ainda ser vistos: na cidade de Conímbriga, próxima a Coimbra; na estrada de Alqueidão da Serra; na Ponte Romana em Chaves; no Aqueduto em Elvas; no Mosaico de Alter do Chão; na Vila e Ponte romana de Catribana – Sintra; e no Templo de Diana – Évora.

A presença romana na cultura portuguesa deve-se a esse processo de romanização, no qual os romanos, com forte presença militar no processo de conquista territorial das populações ibéricas, tornaram-se uma das maiores influências, que constituíram a nação portuguesa.

A língua portuguesa originou-se no latim vulgar, derivado do latim trazido pelos romanos e incorporado pelos iberos.

As relações sociais são embasadas no Direito Romano, trazido pelos romanos e incorporado pelos iberos. A religião de maior presença é o cristianismo.

CONCLUSÕES

O domínio romano foi, principalmente, de caráter político e econômico e trouxe às populações dominadas vantagens, cuja implementação pelos romanos só foi conseguida graças ao desenvolvimento tecnológico do império romano.

Essas vantagens: estradas, termas, aquedutos, arcos, nova tecnologia agrícola, de construção civil, exploração de minas, instalação de fábricas teve a contrapartida influências sensíveis sobre a cultura moral, e, em menor escala, sobre a antropologia ibérica.

A língua, o direito, a religião e outras instituições tornaram-se definitivas ao povo português com a romanização da península.

Acreditamos que, naqueles tempos, viver ao estilo romano não foi considerado imposição, mas sim se tornou aspiração. Existem estudiosos que apontam até semelhança fisionômica entre os lisboetas e os habitantes de Roma.

Tendemos a entender que, hoje, o povo português reconhece como privilégio, ter no seu processo de formação étnica e cultural, os romanos.

FONTES

pt.slideshare.net;

pt.wikipedia.org; e

wikipedia.org.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 03/11/2015
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