Pelo direito de não querer ter filhos

A tradição cultural de seguir padrão é a base de sustento da sociedade que marca o ser humano: nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer. E quando uma jovem declara abertamente que não deseja cumprir a etapa “reproduzir” muitos a encaram como estivesse traindo a sociedade e dizendo algo imoral. Em pleno 2015, por que é tão difícil para alguns respeitar o fato de que algumas mulheres simplesmente não querem ter filhos?

Escolher não ter filhos é uma atitude libertadora e corajosa pois desafia o preconceito da mulher rotulada de egoísta infeliz não estar cumprindo com seu papel. Ora, quem não têm filhos não necessariamente é menos feliz. Não há problema nenhum em assumir: “maternidade não é para mim”. Ainda é possível que algumas mulheres se sintam realizadas sendo médica sem fronteiras em algum país devastado, curando epidemias e cuidando de pessoas necessitadas. Quer altruísmo maior do que esse?

Ter filhos é uma decisão que vai além de seguir um padrão cultural: exige coisas que alguns não têm ou que não querem abrir mão. E é possível mudar de ideia no futuro, e decidir ter com 30 ou 40 anos, quando já se tem mais maturidade e segurança financeira, apesar de existir um preconceito que afirma que nessa idade já é velha demais. E mais uma vez a sociedade não se contenta com as decisões individuais, independente do que cada uma quer para si.

Por isso, dizer NÃO aos padrões que tentam instituir a todos e fazer as próprias escolhas garante mais autonomia. Eu escolho não ter filhos exatamente em função de buscar o que me satisfaz: estudar e desenvolver projetos científicos e tecnológicos. Nenhuma mulher deve ser obrigada a ser mãe por um paradigma se esse não for seu desejo. O que vale é ser autêntica e agir de acordo com a própria consciência e valores pessoais. De nada adianta ser aceita aos olhos do mundo se a atitude não corresponde a sua verdadeira essência.