UM DENTRE OS REVOLUCIONÁRIOS

Francisco de Paula Melo Aguiar

[...] Antenor Navarro, seu atual interventor, é uma figura de vanguarda revolucionária que se impõe sobremaneira, em virtude de seu passado digno de louvor e de sua presente atuação nos destinos daquela próspera unidade [...].

(Diário de Notícias do Rio, apud A União, 10/06/1931).

Em lendo a obra “Antenor Navarro e a Revolução de 30”, de Domingos de Azevedo Ribeiro, pertencente à Coleção Estudos Paraibanos, Série Histórica/1, publicado pela Secretaria de Educação e Cultura do Governo do Estado da Paraíba, em fevereiro de 1981, algo me fez sentir a necessidade de emitir o meu pensamento, tentativa clara e racional para fazer uma revisão do teatro que foi montado com o assassinato de João Pessoa, em 26 de julho de 1930 pelo advogado João Duarte Dantas, cujo estopim serviu de labareda para o inicio, meio e fim da revolução de 30 que levou Getúlio Vargas ao poder nacional na condição de Presidente da República. O ramerame dos liberais e dos perrepistas em sua historicidade continua, ambas as partes querem ter razão do antes, do durante e do depois. Assim sendo, é importante mencionar de que a revolução de 30 na Paraíba teve inicio com civis fardados que tomaram de assalto ao quartel do 22º Batalhão de Caçadores, dentre os quais: Artur Sobreira, Antônio Pontes, Antenor Navarro, Borja Peregrino, Caetano Júlio, José de Lima, Ernesto Silveira, Odon Bezerra e Francisco Cícero de Melo, segundo iconografia constante no livro Anayde Beiriz, da lavra do historiador José Joffily. É importante fazer uma releitura para se deixar de lado “as exagerações do culto pessoal das figuras, maiores ou menores, que nela tomaram parte a fim de lhes salientar os aspectos sociais, políticos e até econômicos e mesológicos diluídos nas entredobras do peculiarismo regional” e até porque “foram perqueridas, por exemplo, certas tendências incoercíveis do temperamento conterrâneo, como o mandonismo, o coronelismo feudo-rural e as soluções pela força a serviço das paixões privadas, nota sem dúvida pouco lisonjeira na crônica de nossa evolução como povo organizado”, segundo Osias Gomes, se expressa ao fazer o prefácio do referido tema. Sim, isso mesmo, lisonjeiro no sentido apologético, lisonjeador, agradável, encomiástico, mesureiro, amável, animador, candongueiro, adulador, satisfatório, elogioso, açucarado, adulatório, apoteótico, etc., tanto para a ideologia liberal, quanto para a ideologia perrepista. Em política ninguém quer perder, isso sim é que é feio. Nascem assim os grupos situacionistas e oposicionistas em qualquer parte do mundo. Sim, é isso mesmo, algo bem parecido com o comportamento de nossos políticos nas três esferas da República que temos, quando estão sem mandados não fazem nada pelo povo porque não tem o poder federal, estadual e ou municipal, embora que em tendo o danado do poder federal, estadual e municipal, o país está em crise e isso vai passar e vai voltar a crescer novamente. E quem quebrou o Brasil? E por que o Brasil está quebrado? O dinheiro nacional, estadual e municipal foi parar onde? Quem ficou rico com o referido dinheiro? Porque quem ficou pobre sem o cumprimento das políticas públicas consignadas na Carta Magna de 1988, já sei quem foi. Para um bom entendedor um olhar já é o suficiente para compreender o momento que se passa na economia e na gestão da coisa pública federal, estadual e municipal. Não é importante ficar procurando o culpado, porque o culpado é justamente aquele e ou aquela que está com a chave do cofre e deixou aberto e não sabe mais como fechá-lo. A especulação econômica, financeira e moral de um povo passa pelo perfil de sua honradez em termos de cumprimento das promessas nacionais, estaduais e municipais, feitas nos tempos eleitorais. Porque tem gente dizendo que tem um discurso para enganar o povo besta e outro discurso para aliciá-lo e conduzi-lo ao seu modo. Portanto, antes da revolução de 30 e bem assim antes da revolução de 64, dois momentos históricos nacionais totalmente diferentes, porém não deixa de ser “[...] uma pequena abordagem para o cortejo de avaliações, como bem define o professor José Octávio de Arruda Melo, que segue uma linha de pensamento crítico em consonância com os valores e intencionalidade da moderna historiografia brasileira”, segundo Domingos de Azevedo Ribeiro, em sua explicação sobre o já referido tema, inclusive acrescenta que “a idéia de escrever algo sobre a marcante personalidade do revolucionário, não partiu de nós; foi antes, porque não dizer, uma sugestão do ilustre historiador José Honório Rodrigues, que viu nela uma figura esquecida dentro do contexto”, isso me parece que é bem parecido com a teoria da desvalorização daquilo que é paraibano e nordestino em relação a política cultural e administrativa adotado em relação a região nordeste deste do tempo do Brasil Colônia, perdurando durante o Brasil Império e tendo continuidade agora com o Brasil República. A tese de figura apagada diante dos fatos históricos da revolução de 30 é ilação, ainda que por analogia ao revolucionário paraibano Antenor de França Navarro, nascido em 1888 na então Capital da Paraíba do Norte, foi o segundo Interventor da Paraíba nomeado por Getúlio Vargas, em 1930, cargo que ocupou até 26 de abril de 1932, quando faleceu no litoral da Bahia, vitima de acidente de avião.

Em síntese, ressaltamos de que Antenor Navarro em sua passagem curta pelo Governo do Estado da Paraíba, realizou diversas obras, dentre as quais a construção do Porto de Cabedelo, do Monumento da Praça João Pessoa, segundo o contrato firmado com o escultor Humberto Gozzo, o forno de incineração, inaugurado em 7 de março de 1932 e a conclusão da construção do edifício do Paraíba Palace Hotel, no ponto de Cem Reis, atual Praça Vidal de Negreiros. A Paraíba não aceita a tese de que o mesmo tenha ficado deslocado diante da história da revolução de 30 no Brasil, apesar de seu falecimento prematuro. Através do Decreto Estadual nº 284, de 03 de junho de 1932, o município de São João do Rio do Peixe passou a se chamar Antenor Navarro, porém, cinqüenta e sete anos depois, pelo ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição do Estado da Paraíba, promulgada em 5 de outubro de 1989, o município de Antenor Navarro passou a denominar-se São João do Rio do Peixe. Ressaltamos de que em quase todas as cidades da Paraíba tem uma rua com o seu nome, um exemplo disso é Santa Rita, onde continua viva a memória daquele idealista.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 26/12/2015
Reeditado em 26/12/2015
Código do texto: T5491617
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