ESPAÇO KAISER: NOSSA HOLLYWOOD ?

“A fotografia nada mais é que um ato de contemplação, pois a escolha dos objetos não passa de uma arbitrariedade direcionada pela visão do fotógrafo, que, ao olhar através da lente, não deixa de ser um pouco Narciso”.

Philippe Dubois

Por algumas horas, narcisa e nostalgicamente, numa sexta-feira à tarde, fotógrafos do Grupo Amigos da Fotografia ocuparam um espaço do cinema ribeirãopretano: os Estúdios Kaiser de Cinema, resultado de uma parceria entre as Cervejarias Kaiser Brasil S.A. e a São Paulo Film Commission.

Esse espaço incrível e potencialmente fantástico mexe com os sonhos e a sensibilidade de qualquer artista por parecer ter sido construído para ser locação de filmagens: infelizmente, ainda não conta com um apoio maciço de empresários e de políticos de Ribeirão Preto que poderiam transformar nossa cidade numa Hollywood brasileira.

Enquanto isso, meu amigo José Marcos Passos Valente, diretor do Departamento Municipal de Cultura e Turismo da vizinha cidade de Brodowski, sente orgulho da produção cinematográfica de sua cidade.

Só recentemente pude conhecer o que esconde o prédio da rua Mariana Junqueira , 33, que me foi apresentado pelo Edgard Castro, produtor de cinema, que sonha ver um dia o Estúdio em plena atividade.

Mas, se o cinema não acontece como gostaríamos, envolvidos pela penumbra de um dos empoeirados galpões, iluminado apenas pela luz solar refletida por espelhos tecnicamente posicionados, Wilson Cavallari, Sônia Franco, Losé, Fernando Gaya, Elza e João Rossato, Lu Degobbi e AC Tórtoro clicaram centenas de vezes.

O resultado obtido sob os efeitos especiais produzidos pelo artista plástico Varne — com a utilização de “neve”, fumaça, bolhas de sabão,recipientes com água, rebatedores — transformou as jovens Marina, Michele, Nayara, Dayane, Alexandra e Dayne, em deusas e princesas por um dia.

Todos sabemos que a fotografia e o cinema são meios que refratam a luz e modificam a imagem do real, e por isso, naquele ambiente fantástico para os que tiveram olhos e coração para ver, as marcas nos paredões transformaram-se em negras colunas como as formadas em grutas e cavernas por estalactites e estalagmites, banhadas por uma névoa mística, pontilhada por bolhas de sabão que transportavam cores do arco-íris.

O resultado dessa produção pôde ser visto em reunião realizada no dia seguinte, na sede do grupo Amigos da Fotografia, residência de Elza e João Rossato: uma ilha de sonhos e fantasia escondida no Jardim Anhangüera.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

ancartor@yahoo.com

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 02/07/2007
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