A SACERDOTIZA

Tudo está me levando a pensar!

A pensar muito.

A pensar e observar.

Enxergar detalhes antes "invisíveis"!

Outro dia, vi um “mendigo”; trôpego, magro e sujo. Imediatamente me perguntei:Qual a diferença entre mim e ele?

Somos diferentes mesmos?

Somos desiguais?

E se somos, aonde o elo se rompeu, se nossa essência é a mesma...!

Ao fazer-me esta pergunta, algo assoprou no meu ouvido e eu escutei...! “Se a pergunta for honesta, certamente a resposta virá”.

A resposta veio, veio a galope...! Fui remetido para dentro da sala de aulas, e comecei a relembrar todos os ensinamentos a nós ministrados até aquele momento, inclusive o “terror” imposto a nós por meio da leitura do livro - Construindo Pontes entre a Ciência e a religião – Autores: Ted Peters e Gaymon Bennett, onde, com as suas culturas européias, tentam estabelecer parâmetros entre a Ciência e a Religião. Foram três semanas de discussões proveitosas e muitas reflexões.

Voltando à teoria do “Mendigo”, me senti envergonhado, pois aquele ser aparentemente diferente de mim, não o era. Lembrei-me dos conceitos umbandistas que venho estudando na FTU - Faculdade de Teologia Umbandista. Os conceitos espirituais apregoados desde o primeiro ano, embasados nos “quatro pilares da vida” – Filosofia, Ciência, Religião e Arte, nos mostram que não existe diferença entre os seres. O conceito umbandista faz-nos compreender que não existe o “Eu” e o “Outro”, pois somos parte do mesmo contexto. O “Mendigo” e eu somos o mesmo Ser, somos divinos, e compomos a mesma Natureza. Estamos diferentes no espaço social, mas idênticos na forma material (físico) e na essência espiritual, pois somos produto da mesma imaginação, conseqüência da mesma insubordinação, veículos que se desgovernaram na mesma “queda”, somos simplesmente anjos decaídos.

Esse Ser Espiritual usando e abusando do seu livre arbítrio, se rebelou e saiu criando formas, e dentro dessas formas foi se diferenciando, foi agregando corpos, foi se densificando. Pondo sobre si, “roupas” e mais “roupas”, veículos de manifestação.

O Ser Espiritual na sua queda vertiginosa afastou-se da sua origem mais e mais, até atingir o estágio de prisioneiro do “Edifício de Ossos”, o corpo denso, a carne, a matéria, e se perdeu na ilusão da imagem criada! Nessa decaída o Ser Espiritual foi perdendo os poderes inerentes à sua natureza, transformando-se em “Mendigo celestial”.

Com a sua infinita bondade, a Providencia Divina enviou-nos socorro por meio do Movimento Umbandista, que criou várias Escolas de sínteses, atingindo todos os níveis de consciência.

A Faculdade vem propagando este conceito e ensinamento, deixando claro que a figura do “Mendigo” não existe, que é somente um produto social, fruto dum capitalismo selvagem, vergonhoso e desumano, pois somos essencialmente iguais, mesmo que diferentes na forma de agir e pensar.

O conceito de Umbanda apregoado pela FTU é de que devemos aprender a conviver com as diferenças, exercitando sempre a tolerância, encurtando a distância entre nós e os “outros”, formando um único pensamento.

O nosso conceito de divindade está calcado na Doutrina do Tríplice Caminho, o poder espiritual manifesto; SOM, LUZ e MOVIMENTO – CRIANÇA, CABOCLO e PAIS VELHOS – MANTRICAS, YANTRICAS e TANTRICAS. As três realidades que coexistem espiritualmente e que surgiram do “Mito de Origem!”, O Espírito e o Espírito Matéria.

Com esses ensinamentos, a tese do “Mendigo”, do inferior, do desigual, inexiste, pois somos elos da mesma corrente. Portanto, iguais espiritualmente.Somos um pensamento gerado pela Suprema Unidade Consciência.

O ano letivo comandado pela Sacerdotisa está sendo muito proveitoso e interessante. A sua dinâmica de aula é simplesmente colossal, ela tem uma técnica toda especial de transmitir os conhecimento, geralmente usando parábolas, dá-nos exemplos impensáveis, como a demonstração do barbante e a madeira, para fixar nas nossas mentes os vários graus de percepção e desenvolvimento espiritual, assim como, a hierarquia dos orixás e dos seres espirituais. Sem sombra de dúvidas, posso dizer: Ela é fenomenal!

Com a sua técnica, ela nos mostrou as três realidades que coexistem; Suprema Unidade Consciência – Reino Virginal, onde nasce à percepção, onde me percebo – Reino Natural, onde percebo o outro; onde surge a energia matéria. Dessa forma ela foi majestosamente apresentando as vias de evolução e o que ocorrera em cada via.

Na 1ª via de evolução, Reino Virginal, foi criada uma hierarquia, que denominamos de Karma Causal, na 2ª via, Reino Natural, surgiu o Karma Constituído. Surgindo ali, a triunidade. Espírito, Matéria e o Terceiro Gerado - Espírito com corpo.

Naquela oportunidade, discutindo o Karma Causal e o Constituído, lembrei-me do conceito de Sócrates sobre a existência da alma:

“A alma, pode ser comparada a um carro puxado por dois cavalos alados, um dócil e de boa raça, o outro desordeiro (os instintos sensuais e as paixões), dirigido por um auriga (a razão), que se esforça por conduzir o carro com perfeição. Este carro circula pelo mundo das idéias que a alma contempla, embora não sem dificuldades. As dificuldades para guiar os dois cavalos fazem com que a alma caia: os cavalos perdem as asas, e a alma encarna num corpo. As almas dispõem-se em uma hierarquia de nove degraus (Escada de Jacó – bíblico), que vai do filósofo ao tirano. A origem do homem resulta da queda da alma, cuja procedência é divina. Mas o homem encarnado não as recorda”.

A Sacerdotisa mostrou-nos também, como os Orixás criam as coisas. Com uma aparente simples frase disse: “O nosso pensamento constrói tudo o que fazemos. Imaginem o pensamento do Orixá que não é perturbado como o nosso!”. Disse-nos ainda, que o Orixá cria uma linha de força, exemplificando essa máxima: É como atirar uma pedra num lago, ela vai criar uma propagação, nós fizemos aquilo, mas nós não estávamos na água!”. Com esse belo exemplo mostrou-nos também o grau de clarividência e obscuridade da mente dizendo:” Quando você joga a pedra na água ela vai ao fundo e você vê-la no fundo; agora existem lagos escuros onde você não enxerga a pedra, são as mentes obscuras “. Nesse dia, nessa aula, discutimos ainda os Entrecruzamentos Vibratórios, que é a reunião das forças dos Orixás nos corpos e nas coisas. Todos os Orixás estão nos corpos, assim como nos planetas”.

Dessa forma, o mito do “Mendigo” cai por terra na doutrina Umbandista, só se consistindo nas outras filo-religiões. Religiões que criou uns deuses vingativos e terroristas, que mandava peste e todas as formas de pragas e castigos; que atirava pessoas vivam em fogueiras, que proibia o acesso dos povos à leitura (Bíblia), privando-os do conhecimento. Essas sim criaram a figura do “Mendigo”, das desigualdades sociais, material e espiritual. Quando vi o “Mendigo” me percebi. Tive consciência ou informação que estava num mundo transitório, vivendo um momento de ilusão, pois os estudos das religiões abrâmicas – Cristianismo, Judaísmo e Islamismo -, da ontologia, da escatologia, do aprofundamento na Proto-Síntese Cósmica, que tivemos este ano, me traduziu o momento. O conceito Umbandista me fez ver que não existe fim, tudo é um grande movimento, o verdadeiro Axé, produzido pelo Poder Volitivo dos Arashas (Orixás) formadores da Coroa Divina que sopraram os seus “Hálitos”, “criando” essa grande e maravilhosa ilusão chamada HUMANAS CRIATURAS!

As idéias são perfeitas, absolutas e eternas. As coisas é que são imperfeitas!

“Não amamos e não oramos a Deus, imploramos para que nos ajude aqui na Terra. Mas não nós importamos com Ele, só pensamos em nós mesmos”.

Então, a questão não é saber se Deus existe ou não, mas sim se nos existimos!”“.

Pensamento de um “louco”.

“A gente procura Deus nas coisas e não nas idéias”.

(Noélia...).

RAYSAN DE SOUZA
Enviado por RAYSAN DE SOUZA em 04/07/2007
Reeditado em 31/08/2007
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