Nosso Rico Idioma.

Meu pai, excelente professor de português, além de lecionar Matemática e Contabilidade em seu curso preparatório para o Banco do Brasil, sempre deu um conselho muito útil aos seus alunos: “Estando em dúvida quanto à grafia de uma palavra, use outra. A língua portuguesa é muito rica em sinônimos’.
Ou consultemos um dicionário, acrescentaria eu.
Durante vários anos de minha mocidade cuidei da secretaria do curso de meu pai e assisti muitas centenas de aulas dadas por ele e por outros bons professores. Um verdadeiro privilégio ao qual só mais tarde eu soube dar o devido valor.
Leitor constante e assíduo desde meus primeiros anos de vida, eu assistia aquelas aulas sobre nosso idioma com uma atenção enorme e guardava na memória os nomes de grandes gramáticos que meu pai citava com respeito e conhecimento: Napoleão Mendes de Almeida, Celso Pedro Luft, Silveira Bueno, e outros aos quais recorria quando necessitava de um reforço ou para esclarecimento de dúvidas surgidas durante suas aulas.
Hoje em dia leio os escritos de muita gente e fico impressionado com os desleixos de uma certa porcentagem de poetas e prosadores não apenas no RL, mas também fora daqui. Pessoas publicando, tranqüilamente, textos com palavras estranhamente grafadas como se isso fosse permitido a quem se arroga – e tem - o dom de transmitir por escrito seus sentimentos e pensamentos.
Sei que ao afirmar isto, estou sendo chato, e talvez passando a impressão de que acho que não erro. Erro sim, e talvez até erre muito, mas procuro sempre errar o mínimo possível. E tenho a convicção de que estou muito longe do português bem escrito, cem por cento bem escrito. Considero bastante difícil nosso idioma.
Estranho, porém, e muito, é que se escreva, por exemplo: visinho, desobidiência, inpaciência e depois se critique a juventude pelo “internetês”.
Se um pintor de automóveis cometesse os pequenos e grandes deslizes de alguns escritores, muitos carros voltariam à oficina para reparos. Nenhum cliente aceitaria calado tais tipos de consertos, executados com pequenos senões.
A crase é um flagelo para muita gente. Encontra-se a crase em muitos A’s que não precisam e encontramos crases em muitos A’s que dela prescindem.
Vírgulas, se fossem comercializadas, seriam uma das grandes indústrias de nosso país. A fabricação dificilmente daria conta do consumo. Há quem a use como confeito de bolo: jogando-a a esmo no texto todo. Muitas vezes estragando um belo texto. Um texto inteligente, bem pensado, mas excessivamente virgulado, por isso mal terminado.
Hoje em dia nós, que escrevemos no Word e temos a Internet, temos à mão um excelente recurso rápido: o Google. Quando tenho dúvida sobre a grafia de uma palavra, vou ao Google, digito-a e confiro. Se eu estiver errado, recebo logo o aviso “Você quis dizer....”.
Além do Google há também a possibilidade de se consultar o “Aurélio” ou o “Houaiss” pela Internet.
Sem contar que o corretor ortográfico sublinha com linha vermelha os erros cometidos na pressa de escrever.
Ou seja, a gente grafa certas palavras da maneira errada por comodismo, ou por pressa excessiva de publicar. Vale sempre a pena reler os textos antes de publicá-los. E, se possível, treler. Tenho dito.

Ps: No ano que vem, com a unificação das regras de nosso idioma para todas as regiões que falam nossa língua, a situação ficará ainda mais complicada até que absorvamos todas as novas normas.
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 08/07/2007
Reeditado em 29/07/2007
Código do texto: T556253
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