"Nós é que bebemos e eles que ficam tontos"

O segmento de Bares e Restaurantes responde por quase sete milhões de postos de trabalho no Brasil. Responsável por 40% do PIB na área de turismo emprega mais que a construção civil. Trabalhadores pulverizados em mais de três milhões de micro empresas, não muito organizadas entre si, por isso também não muito cientes de sua força política.

Para se ter uma idéia, para formalizar um posto de trabalho, nesse segmento, o investimento é na ordem de R$ 10.000,00, enquanto na indústria automobilística são necessários investimentos de R$350.000,00 por cada posto de trabalho.

Outra peculiaridade é que um trabalhador nessa atividade começa recebendo treinamento num restaurante, quando não sabe nem se posicionar e falar com o cliente. Ele progride, chega a chefe e não raras vezes monta sua própria casa e se torna seu próprio patrão. Na construção civil não vemos um ajudante de pedreiro chegar a mestre de obras, engenheiro ou dono de empreiteira.

Apesar dos esforços que vem sendo empreendidos na formação de pessoal, tanto no preparo e manuseio de alimentos como no de atendimento e na própria gestão dos negócios, os trabalhadores nessa atividade nem sempre têm o reconhecimento da importância de sua atividade.

Não é raro alguém pedir emprego num restaurante, porque está sem conseguir outro e se sujeita até a trabalhar na cozinha, como se fosse uma atividade de segunda categoria. Mal sabe ele que as exigências da clientela e dos órgãos de inspeção sanitária não aceitam qualquer um lavando pratos.

Ainda há pessoas que torcem os narizes quando o assunto é bar ou casa de show. A atividade é bombardeada por religiosos e falsos moralistas infiltrados nos mais variados órgãos da administração pública. Leis são elaboradas quase às escondidas como se o trabalhador daquela atividade fosse incapaz de opinar. Como se o dono de bar e restaurante não pudesse dar sua contribuição. Na visão dos legisladores nem merecem ser ouvidos. A criatividade dos legisladores chega a causar inveja à ficcionistas de Hollywood.

Lei do uso de descartáveis; lei de proteção ao obeso; lei proibindo a cobrança de taxa de serviço; lei proibindo a cobrança e consumação mínima; lei obrigando a ter segurança particular; Lei que obriga a ter estacionamento e muitas outras.

A maior falácia, que surgiu no interior de São Paulo e está se alastrando pelo país inteiro é a chamada lei seca. Seria cômico, se não fosse trágico. A medida que é proposta com o nobre objetivo de diminuir a violência, na verdade provoca desemprego, aumenta a criminalidade e é um atestado de falência da Segurança Pública. Querem proibir a atividade de bares depois das 23 horas, na hora em que a noite começa, no nosso clima equatorial. Se essa lei fosse obedecida, cerca de 6.000 postos de trabalho seriam ceifados numa canetada, só em Manaus.

Num país com a democracia engatinhando, os legisladores ainda não aprenderam que leis feitas com a participação dos diversos interessados, em sua elaboração terão sua aplicação muito mais eficaz. Esses representantes do povo devem ser lembrados que de tempos em tempos há eleições e que os que foram considerados cidadãos de segunda categoria são eleitores de primeira.

Leis feitas verticalmente são dribladas pelos que deveriam obedecê-las até que caem em desuso ou são abolidas. Deixam sempre uma ressaca pós-festa e uma pontinha de vergonha em quem as apoiou.

Todos sabemos (mas queremos não ver) que a lei seca nos Estados Unidos trouxe a máfia àquele país e enriqueceu criminosos de todas as espécies, entre eles políticos, juízes, promotores e policiais corruptos. Mesmo depois de abolida não se conseguiu extinguir as práticas que ela trouxe em seu bojo.

Dificuldades impostas para o funcionamento de casas noturnas levaram jovens a freqüentar casas clandestinas e provocou a morte de muitos, na Suécia e Argentina. Na Suécia a lei já abrandou.

Em vez de copiarmos leis demagógicas de outros estados, porque não copiamos a iniciativa de muitos países em aproximar a iniciativa privada da administração pública, para fazer o país crescer em harmonia?

Para você, que faz parte dos que se arrepiam e só vê coisa ruim quando o assunto é bebida alcoólica, lembremos a frase do saudoso Winston Churchill.

“O que prejudica o mundo não é a bebida, é a burrice”.

Tim, Tim !

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 11/07/2007
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