A PRESSÃO DAS MEDALHAS

Faltando pouco mais de três meses para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, vou usar os mesmos argumentos que usei a três meses da Copa do Mundo de 2014. Naquela ocasião, escrevi que a pressão de ganhar o hexacampeonato em casa, seria o nosso maior adversário. E foi bem pior do que imaginei.

O mesmo acontecerá agora com nossos atletas olímpicos. A pressão de ganhar uma medalha de ouro em casa, poderá tirar muitas medalhas do peito. Acredito que isto será regra. Não exceção. Mesmos aquelas ditas pelos analistas como “garantidas”.

O Brasil ainda está distante de ser uma potência olímpica. Tenho grandes dúvidas de que algum dia será. Só que a torcida não pensará nisso. Ela quer medalha de ouro. Duvido que nossos atletas estejam preparados para essa pressão. A variável psicológica é importante na equação que tem como resultado final o topo do pódio.

Isto porque não existem parâmetros entre ganhar medalha de ouro na China, ou em casa. Esta é a grande diferença entre os países que são potências olímpicas, e as que não são. As primeiras sabem que ganharão em qualquer lugar. Para as outras os ouros são esporádicos. Quando acontece até a mídia comemora.

Será que a mídia dos países potências olímpicas, comemoram cada medalha de ouro como se fosse um “acontecimento surpreendente”? É lógico que não. Para eles, um ouro olímpico está dentro da normalidade absoluta. O segredo, é atingir o estágio do saber que é o melhor. Cultivar a cultura do “vencer”. Ela existe.

Infelizmente o Brasil ainda está do jardim de infância no aprendizado desse segredo Pior é que não sai dali. Em muitas competições já entramos derrotados. Então em agosto, nossos atletas descobrirão que diante da torcida gritando, é preciso um algo a mais. Essa necessidade é o primeiro passo para o fracasso.

Tivemos um grande exemplo disso na semana passada. Nosso maior expoente da natação atualmente, está fora das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Certamente essa não foi a última oportunidade que César Cielo, teve que alcançar o índice olímpico. Só que à medida que as oportunidades foram diminuindo a pressão foi aumentando.

Para evitar comoção e lágrimas de tristeza durante as Olimpíadas, é melhor não sonhar com um caminhão cheio de medalhas de ouro. Que deixaremos as grandes potências olímpicas para trás no quadro de medalhas. Mesmo no Brasil, ainda assim seremos meros coadjuvantes. Continuaremos a comemorar cada medalha de ouro.

Espero sinceramente estar enganado. Não vejo muitos atletas brasileiros entrando para a História conquistando ouro na nossa Olimpíada. A maioria perderá para a pressão.