Correio Postal em Santana de Paranaíba (1881)

 
     Nos últimos anos do período imperial, um morador da vila de Santana do Paranaíba escrevia cartas aos jornais de Cuiabá, para divulgar os eventos mais notáveis da tradicional vila do Sul da então província do Mato Grosso. Uma dessas cartas foi escrita para divulgar a melhoria do serviço de correio postal naquela, conforme é possível recuperar nas folhas do jornal cuiabano “A Situação”, de 2 de outubro de 1881. O governo provincial havia implantado uma linha de transporte das malas postais, interligando a referida vila à cidade mineira de Uberaba. Alguns anos antes, um grupo de moradores havia se organizado para, com recursos próprios, criar uma linha de correio mensal para cobrir o mesmo trajeto, entre Santana do Paranaíba e Uberaba.

     A ideia deu certo porque, pois, havia necessidade do serviço e movimento suficiente para manter o transporte regular das malas. Foi assim que, anos depois, o governo do Mato Grosso criou a linha provincial, passando pelas freguesias intermediárias de Alagoas, Dores do Campo Formoso, Carmo do Frutal e São Francisco de Salles. Essa linha foi inaugurada pelo poder público em 3 de maio de 1881. Dois estafetas foram contratados para percorrer as trilhas e enfrentar todas as intempéries para expandir um pouco mais as condições de comunicação na região.

     Eles partiam de Uberaba nos dias 3 e 18 de cada mês e cada viagem levava oito dias para chegar a Santana do Paranaíba, regressando no próximo dia previsto para o despacho postal. Conforme relata o atento cronista, pela mala postal que chegou no dia 12 de maio de 1881, os moradores de Paranaíba receberam os jornais do Rio de Janeiro, impressos até o dia 26 do mês anterior, ou seja, era ainda necessário esperar duas semanas para acompanhar as notícias vindas da corte do Rio de Janeiro.

     Essa linha foi um melhoramento notável nas condições de comunicação dessa parte do Mato Grosso, por outro lado, foi também uma expressiva economia para os moradores da Paranaíba porque, anteriormente, eles pagaram 600 mil reis anuais pelo serviço particular de transporte das malas postais. Mas, os santanenses aproveitaram a carta enviada ao jornal cuiabano para passar uma clara mensagem política: estavam esperando que o governo provincial restabelecesse uma antiga linha de correio que passava por São Lourenço, com duas malas por mês, trocando os estafetas num determinado ponto do caminho. Eles entendiam que somente com o restabelecimento dessa linha postal que tinha sido suspensa pelo governo, a sociedade de Paranaíba, passaria a ter notícias de Cuiabá a cada 20 dias.