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A vaia e suas rimas: caia... saia...
 
 
“Agora o meu martelo desencadeia-se cruelmente contra a sua prisão. A pedra despedaça-se: que me importa?” –  F. Nietzsche
 
  
Os jogos olímpicos, aqui no Brasil – Rio 2016 –, seguindo a tradição desde a Grécia Antiga, vêm mostrando para o mundo a importância do esporte na vida do homem. Paralelo a isso, têm revelado muitos atletas nossos que o próprio país desconhecia, assim como não conhecia muitos outros de terras longínquas, deste maravilhoso planeta Terra, que estão em solo brasileiro a revelar seus sonhos e a construir suas histórias, de acordo as suas modalidades esportivas. E em meio a essas competições há registro de alguns acontecimentos que não condizem com o espírito do esporte, nem, tampouco, com aquilo que está no cerne dos Jogos Olímpicos: a união dos povos.
 
Infelizmente, isso pode ser confirmado pelo episódio das vaias que afetaram profundamente a atuação do francês, Renaud Lavillenie, durante a sua competição, no Salto com Vara, na última segunda-feira, 15 de agosto. Ora, esse atleta já se encontrava em desvantagem tripla: primeiro, ao competir com o atleta da sede dos jogos, o Thiago Braz; segundo, ao ser desafiado para cobrir 6,03 metros. E, por último, ao enfrentar o "Engenhão" com uma engenhosa vaia: uma vaia que ecoava além daquela estrutura de concreto; uma vaia que ressoava além das profundezas d`alma, fazendo barulho no íntimo mais íntimo de um atleta, que se pudesse descrever na nossa língua portuguesa, diria ele, naquele momento, talvez algo assim: "vaia com direito a rima: caia... saia...”
 
Por que teve que ser assim? Daí a não entender o porquê da hostilidade a um atleta que não se mostrou inimigo, mas um adversário, apenas. Por quê? Por isso, convido a todos a buscarem, nos dicionários, o significado de vaia. Irão encontrar isto: zombariamanifestação de desagrado, desprezo ou escárnio, por meio de brados, assobios ou certos ruídos; apupo, motejo, desaprovação etc.
 
Então, uma pergunta: houve motivo para as vaias? Mais outra pergunta: quem de vocês conseguiu aplaudir o choro daquele atleta, no momento da execução do hino brasileiro? Quem? Porque não precisa estudar psicologia para entender a dor que brotava daquele homem, ali aprisionado por um momento de solidão, diante do mundo. Porque não vi uma dor de fora para dentro, por falta do brilho da medalha de ouro, não. Na minha leitura, enxerguei uma dor de dentro pra fora, por terem lhe tirado o direito de competir dentro daquilo que se instituiu como Fair Play (Jogo Limpo).
 
Brasil, caia na real!
Brasil, saia da escuridão!
Brasil, aproveita esse sol que Deus lhe deu e faça brilhar, também, a sua grandeza humana!
 
 
 
 Imagem: Google.