MILHARES DE VIDAS.

Em menos de dez meses outra tragédia se abate sobre nosso país, levando em comoção toda a nação: o desastre aéreo do avião da TAM, vôo 3054 que partiu de Porto Alegre, faria escala em São Paulo e tinha como destino final, Minas Gerais. Dessa vez, a quantidade de vítimas fatais aumentou consideravelmente em relação ao acidente da GOL.

Agora, o que me deixa indignado não é o fato em si – que é grave e deve ser investigado pelas autoridades e tomado as providências cabíveis –, mas o destaque que se dá a esse tipo de notícia. Os meios de comunicação montam verdadeiros aparatos técnicos e humanos para cobrir todos os detalhes, repassando minuciosamente cada episódio, exibindo gratuitamente os familiares das vítimas, inclusive, em momentos íntimos de dor, e apresentando ao vivo, do local do sinistro, seus principais jornais, isso no horário nobre.

Agir profissionalmente, relatando a notícia é um dever dos meios de comunicação, especialmente os televisivos. Agora, fazer de uma tragédia o principal destaque de suas edições diárias, dispensando quase todo o tempo disponível para repetir várias vezes às mesmas cenas de horror e massacrar o telespectador com mais sofrimento, é massificar por baixo e nivelar comportamentos distintos de sua clientela.

Nada contra que esses meios funcionem como testemunhas, divulgando o fato e investigando suas causas, servindo de ponte entre a população e os órgãos responsáveis, porém sem o sensacionalismo grotesco de suas imagens e, muito menos, com o jornalismo tendencioso, equivocado, e que contribui para por palavras na boca dos especialistas que são convidados para falar sobre o assunto.

Esses meios de comunicação deveriam – através de várias reportagens bem elaboradas, sérias – divulgarem os índices que realmente levam todos os anos, milhares de vidas, somente no nosso país. Basta dizer que os acidentes de trânsito e a violência, estão entre os principais problemas de causas externas, envolvendo mortes, enfrentados pela saúde pública desse país e isso com custos elevadíssimos, reflexos sociais e psicológicos nos indivíduos e famílias, somente perdendo para as doenças do aparelho respiratório e as neoplasias. Entretanto, segundo o DENATRAN, ela passa a ser a primeira causa de óbito se a faixa etária da população estiver entre um e quarenta e quatro anos, de ambos os sexos.

Para se ter uma idéia, na estatística de vítimas fatais de acidentes de trânsito no Brasil, no ano de 2004 (última estatística disponível pelo órgão), faleceu 26.409 (vinte seis mil, quatrocentos e nove) pessoas, enquanto que, para mortes provocadas por armas de fogo, no ano de 2005, esse número sobe para 36.179 (trinta seis mil, cento setenta nove) pessoas.

O absurdo com relação à estatística de mortes por armas de fogo é saber que de 1995 a 2005 o índice de mortes registradas por armas de fogo superou o número de vítimas de 26 (vinte e seis) conflitos armados no mundo, entre eles a guerra do golfo e a disputa territorial entre Israel e Palestinos. Nesse intervalo de 10 (dez) anos morreram no Brasil 325.551 (trezentos vinte cinco mil, quinhentos cinqüenta um) pessoas por armas de fogo, colocando o país, em primeiro lugar no mundo.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 500 (quinhentos) mil pessoas contraem câncer no Brasil, todos os anos e, destes, 140 (cento quarenta) mil morrem (dados de 2004). E para finalizar esses milhares de vidas que são ceifadas todos os anos, em apenas 04 (quatro) índices, a mortalidade infantil é, atualmente no Brasil, de 179 mortes para cada 1.000 (mil) crianças nascidas.

 





Obs. Imagem da internet
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 21/07/2007
Reeditado em 06/12/2011
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