Santo Antônio do Campo Grande

 
     Dois anos depois do fim da Guerra contra o Paraguai, nasceu o povoado de Santo Antônio do Campo Grande, atual capital do Estado do Mato Grosso do Sul, resultado de uma epopeia liderada pelo mineiro José Antônio Pereira. Depois de meses de caminhada, o arrojado fazendeiro chegou a esta terra, no dia 21 de julho de 1872, acompanhado de seu filho Antônio Luiz Pereira, então com 17 anos, de dois escravos e de um guia cuiabano. Um novo tempo de prosperidade estava começando na região delimitada pelo planalto da Serra de Maracaju e pelas margens do rio Paraná. Um território apropriado à atividade pecuária de grande porte, devido às suas condições geográficas, fertilidade do solo e localização estratégica.

     Os primeiros ranchos foram construídos e as primeiras lavouras foram plantadas, nos altos das cabeceiras do rio Anhanduí. Mais precisamente, o arraial nasceu na confluência de dois cursos de águas. De um lado, a margem esquerda do córrego batizado como “Segredo” e, do outro, a margem direita do córrego que receberia o nome de “Prosa”. Portando, a história começa nesse encontro mediado pela “direita” e pela “esquerda”, numa saudável tensão que levaria, um século depois, à criação do Estado.

     José Antônio Pereira decidiu que aquele seria o local para construir o povoado e assim resolveu regressar à cidade mineira de Monte Alegre, para buscar sua família. Nessa viagem, ao passar por Camapuã, teria ele conhecido João Nepomuceno, a quem consta ter se associado para preservar a posse das terras escolhidas. Três anos depois, José Antônio retornou com a sua família e agregados, trazendo uma dezena de carros de bois, num total de 62 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças.

     Uma versão diferente está na memória local, indicando que João Nepomuceno, natural de Poconé, teria sido o primeiro a construir um rancho na confluência dos dois córregos, como consta no artigo de Peri Alves Campos, publicado em 1939. A referência dessa segunda versão é atribuída às lembranças de João de Souza Barbosa, cujo pai já estaria instalado na bacia do Sucuriú, desde os tempos da guerra. As duas versões deram origem a uma pequena polêmica que consiste em saber quem teria construído o primeiro rancho, cuja multiplicação resultou na belíssima cidade de nossos dias. Mas a persistência e garra do grupo familiar dos Pereiras confere o pioneirismo em romper os primeiros e penosos tempos da nossa querida Cidade Morena.

     O arraial ganhou um novo estatuto administrativo com a lei no 792, de 23 de novembro de 1889, assinado pelo presidente da província, determinando a elevação do povoado à categoria de freguesia com a denominação de Santo Antônio do Campo Grande. Uma década depois, nasceu outro monumento da nossa história, quando a 26 de agosto de 1899, foi assinado o decreto no 225, determinando a elevação da paróquia de Campo Grande à categoria de vila e constituindo o município, com 100 mil quilômetros quadrados, vinculado à comarca de Nioaque, conforme consta na Gazeta Official do Mato Grosso, em 31 de agosto de 1899. Por mais um aniversário de criação do seu município, parabéns à nossa querida e eterna Campo Grande, diante do desafio de romper os buracos e desafios do nosso tempo!