Arte Revolucionária, é Arte?

Arte por Revolução, Arte pela Revolução, Arte com Revolução e Arte "revolucionária" não é arte. A argumentação a seguir é simplista: qualquer manifestação humana em busca de dar sentido, significado a ser e vir a ser, ou "ser em si", seja em busca a universalidade (que é um anseio humano individual, que procura se atualizar no sentido direto ao universal), não pode ser atrelada a tão somente anseios políticos.

Portanto, qualquer manifestação humana cujo significado seja tão somente um anseio político em busca de uma atividade comunal, grupal ou correligionária, de viés material que procure tão somente a mudança deste material a partir e unicamente a partir de convicções políticas, não é arte (é preciso se grifar esta proposição porque é nela que se baseia toda a argumentação). Tal proposição não se diz nem ao menos considerada no sentido normativo, porque analiticamente, tal conceito se afasta por completo e inteiramente do conceito de arte -- o que por conseguinte é preciso dizer que não se trata de arte de forma alguma.

Para deixar mais claro alguns termos: de forma alguma estou afirmando ou não a existência ou inexistência de ser em si, ou enquanto tal. O que afirmei foi Busca: se tal busca não for a este sentido a partir de um móbile individual, mas pelo contrário, tenha o sentido único e somente único político-material (e portanto, não se tratando de um anseio verdadeiramente individual e humano) não pode ser considerado arte.

Na verdade, sendo este anseio unicamente político o sentido que se dá esses conceitos (arte revolucionária, etc) é ainda mais claro: doutrinação e movimentação de massas a partir dos anseios de determinado grupo que faz se valer disto.

Perguntas porém se fazem relevantes: dado que certo gráfico, pintura, atividade é humana e pode apresentar certa estética, ela mesmo assim deixa de ser arte porque perde seu viés no sentido de busca para o enquanto tal? No seu sentido de busca para o enquanto tal, sem dúvida. Mas seu apelo estético, muito provavelmente permanece para aqueles que dividem os mesmos ideais e sentidos que tal "arte" lhe se afigura: é preciso estabelecer tal proposição, portanto: o fato dela ter apelo estético mas afastado do sentido racional do humano em busca de si não a torna arte, justamente por ela não ser. Explicando em miúdos: o fato dela ser estética de alguma forma para "aquele" grupo não a torna arte porque seu sentido enquanto tal se afasta completamente do conceito de arte.

E aqui se afigura uma outra pergunta pertinente: estruturas naturais, ou simplesmente projetadas tendo em vista objetivo outro que não a significação ao universal, mas que aparecem como tais portando certo caráter estético, seja um aeronave aerodinâmica, o cair do sol num entardecer, por exemplo, são arte? A conjectura final é ainda mais simplista: belo, e apelo estético, podem não ter nada a ver com arte na sua concepção mais analítica: mas não deixam de modo algum de ter algum apelo estético (seja belo, ou seja feio).

A sua significação não está lá enquanto mobile inicial. Contudo, se acaso ela estiver num sentido outro que não seja apaziguar os corações de apenas certo grupo de pessoas (cujo sentido inicial nada tem a ver com a busca a universalidade, como vimos) e termine por se impingir racionalmente (ou seja, caso esta afiguração estética não tenha nenhum apelo grupal, material, político anterior e ganhe sentido nos olhos humanos, mesmo que a sua "vontade" tenha sido neutra, portanto) pode ser considerada como tal.

Trocando em miúdos: se certa atividade humana (ou não) apresente algum apelo estético, sendo que ela não tenha nascido com nenhum sentido outro (como o sentido grupal e político), e para os olhos humanos ela ganhe este sentido universal por ter apelo estético, então pode ser considerada arte enquanto tal. Mas atividade humana que tenha apelo estético com sentido único de apaziguar e mover massas com a visão de certo grupo político, logo, não é.

Estou aberto a quaisquer indagações.