Ação de Deus

Apesar de ter estabelecido leis imutáveis, caracterizadas pela justiça e pela bondade, Deus estaria agora indiferente, inativo? Como vê o Pai o momento difícil da Humanidade? Já que suas leis estão estabelecidas e cumprindo seu papel, levando a Humanidade a progredir, como age Deus na condução dos filhos que se debatem ainda nas crises do progresso?

Kardec preocupou-se com a questão e em resumo de inúmeras instruções recebidas publicou uma sequência de argumentos e ponderações sobre a questão do progresso coletivo. Este conjunto de valiosas orientações está na Revista Espírita*. Atentemos para o pensamento do Codificador: "(...) Do fato de que o movimento progressivo da Humanidade é inevitável, porque está na Natureza, não se segue que Deus a isto seja indiferente, e que, depois de ter estabelecido as leis, tenha entrado em inação, deixando as coisas irem inteiramente sozinhas. Suas leis são eternas e imutáveis, sem dúvida, mas porque sua própria vontade é eterna e constante, e que seu pensamento anima todas as coisas sem interrupção; seu pensamento, que penetra tudo, é a força inteligente e permanente que mantém tudo na harmonia; que esse pensamento cessasse um único instante de agir, e o Universo seria como um relógio sem pêndulo regulador. Deus vela, pois, incessantemente pela execução de suas leis, e os Espíritos que povoam o espaço são seus ministros encarregados dos detalhes, segundo as atribuições que tocam ao seu grau de adiantamento. (...) "

Esta incessante ação de Deus, este "velar" pelo cumprimento das próprias leis, em comparação com a natureza humana e guardadas todas as devidas proporções, é como a ação vigilante de pais cuidadosos com a educação dos filhos. Deus está sempre presente, envia seus mensageiros para conduzir a humanidade ainda vacilante e alcançado determinado estágio de progresso, promove os mundos e seus habitantes. Na verdade, como pondera o Codificador no mesmo texto, "... Não é mais somente o desenvolvimento da inteligência que é necessário aos homens, é a elevação do sentimento, e para isto é preciso destruir tudo o que poderia superexcitar neles o egoísmo e o orgulho (...) e é por isso que se diz que os tempos marcados por Deus são chegados.(...)".

Deus acompanha a evolução de seus filhos, verifica-lhes a maturidade e promove-lhes o desenvolvimento. Chegamos, pois, um momento de crescimento moral. A aparente crise da atualidade é apenas o reflexo de um inquietante momento de transição para um estágio melhor. É a ação de Deus promovendo o amadurecimento dos próprios filhos através de experiências necessárias ao próprio progresso.

*Revista Espírita, ano 1867, edição da Edicel, tradução de Júlio Abreu Filho.

Orson
Enviado por Orson em 21/08/2007
Código do texto: T617145