A justificativa de um deputado turista.

A cada dia que passa o Congresso Nacional, onde uma considerável parcela de legisladores é pífia, está se deteriorando em sua credibilidade.

Conforme reportagem publicada na revista Veja, em sua edição nº 2022, de 21 de agosto deste ano, o deputado Renato Molling, do PP, do Rio Grande do Sul, demonstrou-se propenso a participar da rota romântica do turismo alemão, conhecida como “Romantische Strasse”. Segundo a repórter Heloisa Joly, que o entrevistou, o mesmo quer que a Câmara pague a viagem, garantindo que não vai passear, mas adquirir conhecimentos para colocá-los em prática em seu trabalho. Indagado a respeito da procedência de seu interesse pela rota romântica alemã, respondeu:

- Sou de uma região do Rio Grande do Sul que possui uma rota de turismo romântica. Quero estabelecer uma integração com a Alemanha para estimular essa atividade em nosso estado. Perguntado sobre o que exatamente pode ser copiado, enfatizou:

- É difícil saber antes de chegar lá, ver as coisas e ter contato pessoal. Mas, a princípio dá para copiar tudo que for novidade. Questionado se foi por essa razão que solicitou à Câmara para pagar a viagem, disse:

- Olha, só se a Câmara achar interessante. Na verdade, a vaga não precisa ser para mim, tá? É para alguém acompanhar a comitiva gaúcha que vai para lá.

No fim da entrevista, ocasião em que a jornalista agradeceu a sua atenção, o deputado Molling, talvez preocupado, perguntou se ela achava o seu pedido positivo ou negativo, acrescentando que ele via como uma busca de inovação, mas que estava ciente que a repórter poderia colocar como mais uma viagem para a Câmara pagar e não era isso.

Na minha ótica, como cidadão brasileiro, não posso concordar com o comportamento do deputado Molling, uma vez que turismo romântico não somaria em nada que motivasse o pagamento de sua viagem por parte da Câmara.

Trata-se, a meu ver, de mais uma tentativa de prevalência da condição política para tirar proveito em causa própria. Portanto, merece o meu repúdio e de todos aqueles que fazem turismo, pagando de seus próprios bolsos.