Algumas ilustrações sobre o folclore brasileiro.

Os conhecidos e também os anônimos historiadores de nosso país vêm, ao longo dos últimos cem anos, aprimorando os estudos e pesquisas visando obter, cada vez mais, elementos que se caracterizem como parte integrante de nosso folclore, o qual já é vasto e rico.

Com a finalidade principal de serem comemorados os eventos folclóricos oficiais, foi designada a data de 22 de agosto, para ser O Dia do Folclore.

A população brasileira sempre foi cercada de lendas e superstições, das quais se sobressaem personagens fascinantes como o Saci, o Boto, o Curupira, a Iara, o Lobisomem, o Boitatá, o Negrinho do Pastoreio, a Mula sem Cabeça, o Bumba meu Boi e tantos outros.

Nas diversas regiões do país essas lendas foram repassadas de geração a geração, com pequenas adaptações, guardando uma importante parcela de nossa memória histórica e passando a integrar a identidade nacional. Desde o século XIX, pesquisadores dessa cultura procedem, com empenho, ao registro dessas palavras tradicionais.

A riqueza do folclore brasileiro deve-se à diversidade cultural da população, formada por indígenas, europeus e africanos. Essa mistura cultural se expressa na própria composição dos personagens. O Saci aparece nos mitos indígenas como um duende perneta de cabelos vermelhos, porém popularizou-se de um jeito africano como um moleque negro que pula numa perna só, fuma cachimbo e usa um gorro vermelho.

Iara, a Mãe-dÁgua, é uma versão indígena para a lenda grega da sereia, trazida para cá pelos colonizadores portugueses.

No folclore da Região Norte predomina os mitos de origem indígena. O Curupira é o protetor da floresta e de seus habitantes, incumbido de perseguir os caçadores que atiram em fêmeas grávidas ou matam animais além de suas necessidades. A descrição de sua figura varia bastante, mas, em geral, é representado como um menino com o corpo coberto de pêlos e os pés voltados para trás.

Existe também o Boto, zelador dos rios e peixes e que, nas noites de festas, se transforma num belo rapaz para conquistar as índias jovens e bonitas. Ele as seduz com o seu canto, arrastando-as para o fundo dos rios. A figura feminina correspondente à do Boto é a irresistível Iara, moradora dos rios, lagos e igarapés. Senhora das águas, ela enfeitiça os homens com sua beleza e o seu canto harmonioso, atraindo-os para a profundidade dos rios.

No Nordeste contam-se muitas histórias do Lobisomem. Esse personagem provém da mitologia grega e romana, tendo chegado ao Brasil com os portugueses. O Lobisomem, em geral o sétimo filho de um casal, surge disfarçado na forma de um homem magro e abatido.Toda sexta-feira à meia-noite ele vai até uma encruzilhada, tira a sua roupa, a vira pelo avesso e se transforma num bicho de corpo peludo, orelhas compridas e garras afiadas.

A Mula-sem-Cabeça, freqüente nas lendas do Centro-Oeste, é uma mulher que se casou com um padre e, por isso, vira um monstro todas as noites de quinta para sexta-feira. Sai enfurecida pelas estradas, pisando no que encontra pela frente com seus cascos afiados, e só retorna à forma humana ao romper a aurora. Na semana seguinte, no entanto, a Mula-sem-Cabeça revive sua sina infeliz.

O mito indígena do Boitatá faz parte do folclore da Região Sul. Conta-se que a cobra-grande, ou boiguaçu, estava recolhida na gruta escura onde vivia quando uma chuva incessante obrigou-a a sair de lá. A chuva transformou-se num dilúvio e os animais deixaram as planícies para refugiar-se nas montanhas. A cobra-grande os seguiu, mas, para saciar sua fome, começou a devorá-los. De maneira estranha, porém, comia apenas os olhos dos animais e, por causa disso, seu corpo ficou todo iluminado, deixando um rastro cintilante por onde passava. Ao vê-la assim, toda brilhante, os índios não a reconheceram e a chamaram de Boitatá,”cobra-de-fogo” em tupi.

Uma das histórias de escravos mais populares no Brasil é a do Negrinho do Pastoreio, proveniente do Rio Grande do Sul. Morava no pampa gaúcho um estancieiro rico, avarento e cruel, que tinha um filho e um menino escravo, o Negrinho. Por não ter nome e nem ser batizado, Negrinho se dizia afilhado de Nossa Senhora. Montado num cavalo baio saía cedo todos os dias para pastorear os cavalos do patrão. Por duas vezes, os animais fugiram. Denunciado pelo filho do dono da estância, o pequeno escravo apanhou até a morte e foi atirado num formigueiro. Entretanto, no dia seguinte, reapareceu ali ao lado de sua madrinha, do baio e dos demais cavalos.

Na literatura infanto-juvenil, o escritor Monteiro Lobato foi o pioneiro na difusão das lendas e personagens da cultura popular brasileira.

A minha intenção ao trazer a este Recanto alguns dados relacionados com a história folclórica do Brasil, a qual considero de grande importância, é a de somente elucidar os leitores que, porventura, estejam interessados em adquirir novos conhecimentos ou relembrar detalhes já esquecidos .

Fonte: Sacis de todo o Brasil, uni-vos!

Autora; Letícia Vidor de Sousa Reis.

Revista do Brasil.

Edição nº 5 de outubro de 2006.

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 24/08/2007
Reeditado em 24/08/2007
Código do texto: T622362