Autoestima e consciência I

Em textos anteriores já fiz referência a dois elementos importantes da autoestima que são a autoconfiança e o au-torrespeito. O primeiro compreende o grau de confiança que o indivíduo deposita em si próprio, e o segundo, representa o nível de respeito que ele tem por si mesmo.

No que se refere à autoconfiança, é possível afirmar que muitas pessoas têm perdido oportunidades de cresci-mento e realização, pelo fato de não confiarem nelas próprias diante dos obstáculos que lhes surgem. Por outro lado, a con-dição do baixo autorrespeito que o indivíduo tem por si, o faz submisso impedindo sua capacidade reativa diante de imposições, manipulações e até mesmo de humilhações constantes. Em resumo, qualquer pessoa que não confie e respeite seus próprios valores e competências, dificilmente obterá a confiança e o respeito dos outros. Diante dessa constatação surge a pergunta: “O que fazer para aumentar a autoconfiança e o autorrespeito?” A resposta é: “Viver cons-cientemente”.

Partindo da premissa de que “somos aquilo que pen-samos”, ou seja, somos a ideia ou o conceito que temos de nós mesmos, é possível aquilatar a importância do uso da mente para dar existência a um processo de transformação existencial para viver conscientemente. É assim que também entende Nathaniel Branden, norte-americano, estudioso sobre o assunto, quando afirma: “Nossa mente é o meio básico de nossa sobrevivência. Todas as conquistas que nos distinguem como homens são reflexos da nossa capacidade de pensar. A vida bem-sucedida depende do uso adequado da inteligência – adequado, quero dizer, às tarefas e metas que estabelece-mos para nós mesmo e aos desafios que enfrentamos”.

Todos possuem inteligência, mas o que nos diferencia é o uso que fazemos dela. O que vale também para a cons-ciência, pois, é da nossa livre escolha usá-la da melhor ma-neira para que possamos modificar ou melhorar tudo aquilo que desejarmos. É provável que fatores como educação fa-miliar, desconfortos emocionais e até traumas mais fortes nos impeçam por determinado tempo de visualizar nossas quali-dades ou potencialidades. Porém, isso não nos impede de resgatá-las e fazê-las novamente fluir, pois, ao escolhermos viver conscientemente nossa capacidade seletiva volta a fun-cionar de modo adequado para tomarmos as melhores deci-sões para nossa lida existencial. Optar por saber e entender mais sobre nós mesmos e sobre tudo que nos cerca, é um ato que se reveste de vital importância, pois, quanto mais co-nhecermos nossas qualidades, deficiências e limites, maior a possibilidade de sucesso em nossas escolhas.

Viver conscientemente é diferente de viver às escuras, sendo dirigido por expectativas, modelos e mandos dos ou-tros. É valorizar uma visão mais cristalina da vida, em con-trapartida à cegueira que, em muitos casos, nos faz submissos e inábeis para encontrarmos soluções para nossos problemas ou desconfortos. Aliás, é bom saber que muitas pessoas de-pressivas entram nesse estado por não terem consciência da força que possuem para vencer os desafios que lhes surgem no dia-a-dia. E mais, lamentações sobre fracassos e infortú-nios não fortalecem ninguém, pelo contrário, é um gasto inú-til de tempo. O que gera maior nível de confiança em nós mesmos é a escolha em utilizar adequadamente nosso poten-cial de inteligência e racionalidade para qualificar melhor a vida, o que, a priori, exige uma autoestima equilibrada.