AJUDA PROVIDENCIAL

AJUDA PROVIDENCIAL

Aquele exemplar engenheiro civil que para realizar seus estudos montara uma marcenaria, como filantropo que era, todo final de semana, examinando o lucro auferido dele retirava uma parte destinada a compra de cestas básicas.

Colocava-as no porta-malas de seu opala e lá ia, sob inspiração, nessa ou naquela favela distribuir seus óbolos. Ao avistar aquela criança na rua, ao lado de um barraco, com o narizinho escorrendo, roupinha rasgada, perguntava onde morava e lá ia entregar uma de suas cestas básicas.

Era, porventura, católico, espírita, crente, testemunha de Jeová, casado, solteiro, branco ou preto, brasileiro ou estrangeiro, botafoguense ou comercialino, corintiano ou sampaulino, rico ou pobre, preocupação que os beneficiários nunca tiveram e nem perguntavam, senão às vezes argüir qual igreja estava mandando, ao qual dava respostas evasivas.

Foi numa destas visitas em que, batendo à porta, apareceu-lhe um homem com a testa franzida, semblante carregado, modestamente vestido, aspecto abatido, daquelas criaturas que se assemelham a alguém que está carregando o globo terrestre sobre o ombro e ofereceu-lhe a cesta básica, daquelas sortidas, de numero três.

Aquela criatura antes de sombrio aspecto agora esboçou um sorriso de aquiescência e aduziu: foi Deus que te mandou. Estou com a esposa acamada, doente, sem emprego,e eu também desempregado, sem recurso de espécie alguma, com vergonha de pedir para nutrir meus três filhos pequenos que clamam fome que estava prestes a cometer uma loucura. Sei lá, roubar, matar, fazer qualquer coisa que aplacasse esse meu sofrer! Obrigado, amigo, que o céu te recompense e abençoe.

O bom samaritano dali saiu comovido por ter salvado alguém de atos pecaminosos, lembrando-se que em nossas vidas temos três dias, dos quais dois pouco importam. Mas dias que não importam? Quais seriam esses? Há uma filosofia rosa-cruz que nos falam a esse respeito; são eles: o ontem, porque já passou, se você errou, rogue forças a Deus para não reincidir no mesmo erro, senão daqui uns decênios, em reflexão, pensará: se tivesse nova chance hoje não cometeria os mesmos erros, daí acertar hoje para não se arrepender. O outro dia, o amanhã: há um provérbio que diz: o amanhã pertence a Deus. Sobra-nos dos três dias apenas um, o hoje, o aqui e agora, o momento mais importante de nossas vidas, eis que todas as suas atitudes de agora, quaisquer que sejam, serão a sua vida no amanhã.

Se todos nos pensássemos no aqui e agora, em que num simples segundo tudo em nossas vidas podem mudar, para melhor ou para pior, certamente nossas atitudes seriam sempre voltadas para o bem, com vista a evoluirmos em direção aos céus.

Pense nisso, pense agora.

Ribeirão Preto, 17/08/07 – Antonio Luiz Cabral – alacalado@hotmail.com