Tesouros da infância

Imagine leitor um grupo de crianças, bem pequenas, na faixa de 3 a 5 anos. Pense na espontaneidade e natural alegria que brotam desses rostos rosados e puros que tantos encantos nos causam...

Sim, as crianças nos encantam a vida. Espontâneas, alegres, lindas...

Pois vivi uma dessas alegrias recentemente. Fui com minha irmã, Cibele, buscar os sobrinhos na escola Girassolzinho Dourado, em Mineiros do Tietê.

Fiquei ao lado da mãe, quieto, para deixar propositalmente que as crianças percebessem a surpresa da presença do tio. Do encontro inesperado ao abraço foram rápidos segundos. Que alegria! Que gostoso! Nada se compara ao abraço feliz de uma criança.

A cena não tem nada de especial. Ela ocorre todos os dias com pais, mães e outros tios. O especial fica para a particularidade do coração de cada um...

Mas a motivação para a presente abordagem veio da reação da pequena Lívia, colega de classe dos sobrinhos. Ao ver a cena do abraço dos colegas com o tio, ela vibrou intensamente de alegria, espontânea, misturando algo como se fosse uma vaia com felicidade.

A palavra vaia define uma manifestação ruidosa de desagrado, normalmente coletiva, com assovios e gritos. Mas ali, uma só criança, como que imitando uma vaia, manifestava espontaneamente sua alegria ao registrar a cena de afeto entre tio e sobrinhos. Foi mesmo uma cena incomparável. Linda e marcante.

É essa espontaneidade que nos falta, nos adultos. Mascaramos comportamentos, escondemos sentimentos e deixamos a felicidade escapar...

É no afeto espontâneo que se constrói a felicidade.

Melhor dizer que estamos felizes, dizer que amamos, falar do bem estar que nos vai n´alma... Sim, melhor que ficar ocultando...

São esses tesouros da infância que levou o Mestre da Humanidade a afirmar o Vinde a mim as criancinhas... Sabia ele que é essa ausência de dissimulação que faz a harmonia do relacionamento.

Sabia ele também que é esse terreno fértil da mente sem vícios ou do coração aberto aos bons exemplos os melhores e mais produtivos campos para a semeadura dos adultos. Missão e dever que cabe aos pais, aos professores, aos adultos em geral... Para jamais destruir esperanças, para jamais incentivar o orgulho ou o egoísmo e sim valorizar cada criatura humana como potência criadora que é para todos os ramos do saber e da virtude.

Ao adentrar no Girassolzinho, recordei-me dos tempos em que também buscava os filhos, hoje adultos. A exemplar escola continua seu labor, razão de honra, gratidão e alegria para a cidade. A ela e suas professoras, nossa gratidão.

Aos pais de Lívia, nossos parabéns pela linda filha. Aliás, a área de recepção da escola estava repleta de crianças lindas... Adultos de amanhã a quem nos cabe o dever de encaminhar para os legítimos valores da vida humana: a coragem de ser bom e a integridade do caráter.

Orson
Enviado por Orson em 31/08/2007
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