De: Silvino Potêncio  (*)
O Brasil foi Descoberto ou foi Achado?!... há uma certa diferença nestes dois termos que a língua Portuguesa nos apresenta em função da frase contextual onde se inserem.
Em princípio só se descobre alguma coisa que esteja encoberta e, neste caso,  temos de concordar com o Escritor que usa o termo “Achamento do Brasil” em vez do termo Oficial do “Descobrimento do Brasil”.
Se, no primeiro caso,  considerarmos que os Navegadores Portugueses daquele tempo – Século XIV e seguintes – cruzavam os mares em busca de novas terras, novos povos de um mundo desconhecido aos habitantes do Velho Mundo da Europa,  penso eu que se pode melhor usar o termos “achamento”, pois que só acha quem procura alguma coisa.
 Já no caso de considerarmos que os Governos dos Países Europeus, principalmente os de Portugal e Espanha, eles financiavam e patrocinavam aos seus Navegadores uma determinada tarefa com base nos Estudos Marítimos de Navegação que então existiam – a Escola de Sagres foi uma das maiores e mais avançadas Entidades no estudo das correntes marítimos, dos ventos oceânicos no mundo descoberto até então - então podemos, com bastante certeza afirmar que, o Brasil foi “Descoberto” pela frota de Pedro Alvares Cabral ao serviço do Rei Dom João II de Portugal, contudo fica a questão: quando e onde isso aconteceu?
Na minha condição de Membro da Comissão Brasileira para a Comemoração dos 500 anos de Brasil, eu já por diversas vezes dediquei  algum do meu tempo em leituras deste tema,  e a mais recente é uma publicação do Jornal “Tribuna do Norte” em Natal – Rio Grande do Norte – Edição do dia 11 de Maio de 2018,  onde se levanta ali a tese de que  o Brasil terá sido “achado” ou “descoberto” a partir da Costa do Rio Grande Norte na Praia de Touros. Um Municipio do litoral a 95 quilometros ao norte de Natal,  onde foi implantado um Marco Tradicional com a Cruz de Malta naquele que, geográficamente falando,  será o ponto mais próximo da Europa, da África e da América do Norte.
Nesta reportagem entram diversas opiniões e Teorias de Estudiosos e Historiadores locais, porém não teem o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esta Entidade (UFRN) por certo vai continuar a divulgar e a ensinar a versão oficial do Descobrimento do Brasil que foi pontualmente registrada em Roma pelo Rei de Portugal junto ao Papa,  e não há condição histórica firme e irrevogável para poder afirmar algo em contrário.
Todavia, se analizarmos alguns pontos colaterais a esse registro junto ao Papa, podemos considerar algumas curiosidades:
-  Os mapas e cartas marítimas de cada viagem daquele tempo,  elas pertenciam ao Comandante de cada Navio ou Esquadra formada no Porto de partida. E, este conhecimento, na prática era transmitido de “Pai para Filho” ou parente próximo por testamento.
Considerado um bem Patrimonial do Reino caso a viagem tivesse sido Patrocinada pelo Governo, esses documentos eram então submetidos ao Papa para Registro e Aprovação Oficial – só ele poderia homologar tal projecto, embora seja lógico pensar que cópias eram feitas e muitas delas constam ainda hoje nos Museus, ou órgãos oficiais do sector.
Já no caso  das navegações “não oficiais”  esses documentos pertenciam aos Comandantes que as patrocinavam eles mesmos! Ou então essas navegações  eram feitas por  Navegadores Autônomos   autênticos marinheiros “aventureiros” que iniciavam viagens pelos mais diversos motivos.
Um deles poderá ter sido a “pirataria” , o “contrabando”  muitas vezes mais ou menos tolerada por alguns Governos e praticada em Alto Mar onde a fiscalização não tinha meios de a controlar.
No ano de 1755 entravam em Lisboa aproximados 2.000 navios por ano e a maioria era só para abastecer-se. A frota Inglesa já então era considerada a maior usuária dos Portos Portugueses, dentro e fora do Território Ibérico, devido a Aliança da Coroa Portuguesa com a Coroa Inglesa firmada anos antes e que perdura até aos dias de hoje.
Há registros “não oficiais” da presença de Navegadores Portugueses e Espanhois na costa Brasileira e, sobretudo na Região do Amazonas,  em Datas anteriores a 1.500 e por isso é lógico pensar que teóricamente o “Achamento” do Brasil possa ter ocorrido em Touros antes de Porto Seguro. E quando vemos o tema do ponto de vista de deslocação marítima no então desconhecido/escondido ou encoberto oceano Atlantico abaixo da linha do Equador,  maior será a hipótese de ter ocorrido um “achamento” em vez de “descobrimento”, ou vive-versa!... Vale o que está escrito na Carta de Pero Vaz de Caminha, ponto!  
Bartolomeu Dias, o Navegador Português que pela primeira vez no ano de 1488 passou o Cabo das Tormentas, também chamado de Gigante Adamastor, que está situado no ponto mais ao Sul do Continente Africano – Cidade do Cabo – ele fazia parte da Missão de Pedro Alvares Cabral... até que, por certo, ele foi incorporado na Missão em virtude do seu conhecimento pessoal anterior na navegação abaixo da linha do Equador.
Experiência essa adquirida nos anos de prática de marinhagem. Apenas para exemplificar ele demorou quase seis meses para chegar ao ponto mais ao Sul do Continente Africano;  saindo de Lisboa em 1487 – finais de Agosto – e venceu o Cabo das Tormentas em 03 de Fevereiro de 1488.
 Conta-se que, antes do regresso a casa, Bartolomeu Dias, observando por última vez o famoso Cabo que tinha conseguido “dobrar”, terá dito; “Tormentoso, mas porquê?, se a tormenta já lá vai? - Assinalas o Caminho para a Índia, por isso vou chamar-te Cabo da Boa Esperança…”. Estava assim vencido o medo da passagem do Atlantico para o Indico e Vasco da Gama chegaria a India anos depois em 1498
Duarte Pacheco Pereira foi outro navegador que,  segundo a teoria de alguns historiadores actuais, ele teria integrado também a Frota de Cabral pelo facto de ele ser um Navegador Militar e Experiente Cosmografo de Renome junto à Corte de Dom João II de Portugal.
Conta-se que também ele havia percorrido grande parte do Rio Amazonas em busca de uma ligação ao Pacifico bem antes de 1500 e por isso teóricamente (repito!) ele seria um dos primeiros a “Achar o Brasil” ... quem sabe!?,...  nas viagens dele que, até hoje são um mistério pois que os mapas e cartas dele não foram reveladas no comunicado de Dom João II ao Papa.
O documento Oficial foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, e isso é o que conta. De momento na minha opinião pessoal eu acho que o Marco de Touros pertence ao Municipio original onde foi colocado quer tenha sido fincado ali por  Pedro Alvares Cabral ou Duarte Pacheco ou até o Próprio Bartolomeu Dias...
Autor: Silvino Dos Santos Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal/RN  
Membro da Comissão Brasileira para a Comemoração dos 500 anos do Brasil.
Titular do site:
www.silvinopotencio.net   

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 12/05/2018
Reeditado em 12/05/2018
Código do texto: T6334814
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