MERITOCRACIA NO BRASIL.

Embora seja um conceito antigo (desdês os gregos) à meritocracia é uma expressão bastante falada atualmente. Só que na antiga Grécia, Aristóteles a defendia em uma sociedade onde todos tivessem às mesmas oportunidades. Hoje, é bem diferente. Quando se fala nela, à primeira coisa que vem à mente é o conceito de conquista por mérito, ou seja, por esforço, dedicação e empenho próprios (nada de errado nisso pelo contrário). De fato, todos nós buscamos o melhor. Isso por si só já é meritocracia. Quando vamos contratar, por exemplo, um pedreiro, queremos que ele seja o melhor possível. Ou quando desejamos os serviços jurídicos de um advogado, visamos na medida do possível o mais qualificado. Sendo assim, a grande maioria das pessoas são "meritocratas". No entanto, à meritocracia que é enaltecida, em especial, no Brasil, é do tipo que não visa buscar e transformar às realidades dos fatos existentes, mas, sim mascara-las. Veja: De vez enquanto os noticiários publicam casos de superação e conquistas. Então, notícias do tipo: Gari, morador da comunidade carente X, passa no concurso público Y, se forma e se torna um excelente promotor público. Ou: motorista de ônibus, pai de quatro filhos, termina à faculdade, pós-graduação e mestrado, e torna-se um competentíssimo delegado. Assim, quando a mídia divulga tais acontecimentos, "o senso comum" (que somos nós) os lê e começa a dizer que basta apenas e tão somente querer que na vida tudo pode acontecer. Será? Não é bem assim. Primeiro que exceções jamais serão regras. O que algumas pessoas conseguiram, de maneira alguma se poderá afirmar que milhares de outras conseguirão também. Por mais força de vontade, empenho, oportunidades e dedicação que algumas tiveram, em um país nitidamente desigual como o nosso, nem todos terão as mesmas chances iguais. Um jovem que estudou nos melhores colégios particulares do país, saí largamente na frente no mercado de trabalho do que aquele que cresceu sem pão e leite. Uma menina da periferia, com o pai preso, a mãe alcoólatra e, que engravidou com quinze anos de idade, dificilmente terá as mesmas oportunidades que aquela que não teve quase nenhuma dificuldade. "Ah, mas e aqueles que não querem nada com nada", questionariam muitos?" Bem, estes existem e são muitos. Para tais, deixem que as consequências das más escolhas guiem suas vidas. Quem planta vento colhe tempestades, já preconizava a bíblia sagrada. Mas a verdade é que a maioria quer alçar voos maiores. Conclusão: defender à meritocracia sem levar em conta o fragmentado e desigual Brasil, ou é ser desonesto, alienado ou uma pessoa do mal.

Danilo D
Enviado por Danilo D em 17/05/2018
Reeditado em 06/06/2018
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