EVIDENTE EVOLUÇÃO

Anthony Giddens, sociólogo, diretor da London Schol of Economics e professor da Universidade da Cambridge, escreveu MUNDO EM DESCONTROLE, livro em que relata as mudanças pelas quais estão passando as culturas tradicionais e as incertezas criadas pelo processo de unificação em escala planetária ou mais precisamente, pela globalização.

O tema é instigante e talvez por isso, Giddens analisa nos cinco capítulos do livro, algumas mudanças já bastante perceptíveis, principalmente no casamento e no núcleo familiar.

Segundo ele, sexualidade, relacionamento, casamento e família são aspectos sociais que estão sofrendo mais diretamente, os impactos das transformações em nível global, ressaltando que essas mudanças dependem da organização cultural em que vive o indivíduo. Para nós, os latinos, onde ainda prevalece a cultura tradicional, arraigada em ditames seculares, há uma resistência natural à assimilação de um novo paradigma social, que rompe com o modelo onde prevalecem as questões emocionais.

Concordamos com Giddens quando ele afirma que somente após 1950, as mulheres passaram a entender que somente o mercado de trabalho poderia ajudá-las a modificar a estrutura familiar, onde até então em muitos países e até hoje, elas eram e ainda são vistas apenas como propriedade masculina. Com a nova postura feminina, as relações fundamentam-se na intimidade e na comunicação emocional, haja vista que a idéia de compromisso foi suplantada pela idéia de relacionamento. O compromisso ainda existe, é claro, mas não é mais a base principal da união. Uma união estável perpassa pelo compartilhamento do sucesso profissional do casal; pela busca constante pela ascensão econômica e pela interatividade de ambos na compreensão dos direitos e obrigações comuns.

Giddens aponta como sendo um dos responsáveis por essa nova “onda”, os meios de comunicação eletrônica, fato inquestionável aqui, por essas bandas, principalmente a partir de meados da década de noventa do século passado, quando teve início o novo paradigma da democracia emocional, tendo a mulher como seu principal agente propulsor.

Para alguns, infelizmente ainda poucos, a nova mulher globalizada soma e divide emoções, baseada nos preceitos da democracia emocional. Para outros tantos, inconformados, a famigerada hegemonia masculina ainda prevalece e se impõe como sendo parte indissociável de um universo dominante, gerando com esse pensamento, com essa postura, um abismo entre o real e o imaginário social, abrindo fendas irrecuperáveis na estrutura familiar.

Como o acesso à informação democratiza-se mais a cada dia, é provável que os inconformados tentem, de todas as formas, manter o descontrole, buscando justificativas na pseudo-hegemonia masculina. Os menos radicais, mais tolerantes e, partidários da comunicação emocional, abraça a nova mulher com a certeza e a esperança de que, caminhar juntos, significa compartilhar as emoções do cotidiano e viver um grande amor enquanto durar o relacionamento.

Rui Azevedo – 02.09.2007

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 02/09/2007
Código do texto: T635245