Quando o câncer bateu a minha porta

O abraço que cura: em todo TEMPO ame o amigo e na angústia nasce um irmão. ( Prov. 17:17

A dor era maior que a realidade. As palavras cortavam a sala como golpes de facas afiadas. A voz parecia sumir diante de mim e o rosto mais parecia um vulto.

As palavras não cessavam de ecoar. E quanto mais ele falava mais longe eu ia dentro de mim.

Ouvir a palavra câncer é como se você recebesse uma sentença de morte.

Você no imediato da palavra não consegue pensar em outra coisa que não seja dor e sofrimento.

O médico com todo cuidado para me dar a notícia, contou caso rodeou até falar a palavra tumor.

A vida te passa toda pela mente. E você consegue fazer um filme interessante de tudo que sonhou e não realizou. Consegue entender exatamente o que deseja da vida e andou caminho pelo oposto.

Uma decisão imediatamente tomei. Seria a partir dali menos covarde e me cobraria menos. Seria mais feliz e não me deixaria machucar por palavras de outros.

No meio de tanto silêncio interno conheci o abraço. Já abracei muitas pessoas para consolo. De alegria, de dor, para acalmar, para felicitar. Jamais imaginei que eu iria precisar desse abraço acalentador.

O único lugar seguro seria nos braços de um abraço. Orei pedi a Deus força para mais uma batalha. Pois vinha de uma série delas.

Cada exame era uma etapa a vencer e cada abraço me fazia chorar de medo e de alívio por ter com quem contar.

Alguns amigos desaparecem com a notícia. É como uma doença contagiosa. Eles somem. Não querem te ouvir e só dizem você sai dessa . O que dói mais que se nada fosse dito.

E nasce nesses dias os verdadeiros amigos e parceiros. Aqueles que a cada exame e etapa estão com você mesmo que seja por mensagem e em oração. Você os sente presente cada minuto.

A família é o porto seguro, mesmo que você não conte tudo. Isso te faz forte e não pode desistir por nada.

Os meses se passaram e o diagnóstico não foi o que de início se pensou. Mas ficou uma lição tão importante na minha caminhada.

A vida é muito curta pra ficar preso a quem não amamos. Pra ficar ao lado de amigos que nada podem acrescentar e vivendo de cobrança que só geram dor.

Você conhece seus amigos também nos momentos de dor. Mas no momento do desespero de uma notícia dessa só fica os que realmente querem caminhar ao seu lado.

O olhar de alguns são mais acusadores que a inquisição. As perguntas são ofensivas e algumas observações doloridas.

O surgimento dos bons amigos se torna alívio. O olhar de conte comigo. Um sorriso dizendo estou aqui e alguns ombros. O abraço de amor e carinho que se torna cura a cada dia. Cada exame negativo o abraço era o lugar mais seguro e o sorriso o lugar mais certo a chegar.

Cada um desses abraços foram meu remédio de amor. Cada palavra foi meu sustento. Cada olhar meu reforço. As lágrimas comigo meu alimento. Jesus meu milagre e a família meu suporte.

Não quero deixar nomes aqui pra não ser injusta, mas foram demais. Guardo na memória cada café que tomei para dar notícias, cada ligação pra saber só como eu estava e alguns que me viam online pelas madrugadas e chorava comigo.

Até às enfermeiras da clínica que tão gentilmente segurou minha mão quando eu pensei em desistir, quem ficou lá fora olhando pela fresta da porta me dando suporte.

Meus pais com olhar apreensivos cuidada de alimentos, filho e TD para eu ter um dia em paz na saída de cada médico.

Meu amor e agradecimentos são eternos. Minha oração a todos constante e um abraço.

Que lição ficou? Nada pode ser mais valioso na vida que a VIDA. Só há uma então vamos viver de verdade. Não deixe sua declaração de amor para amanhã, mesmo que o não seja o retorno. Não deixe o perdão para depois, pois ele pode não existir e viva. Seja feliz e com Cristo no barco as ondas virão, mas basta uma palavra e elas se calam. Pois até o mar com Jesus se acalma.

Ele mudou minha sorte e me deu amigos como prova. Veja você o que tem sido sua prova de amor em meio a fúria do mar.

Até a próxima com muita saúde em nome de Jesus.

Leticia Carrijo
Enviado por Leticia Carrijo em 14/10/2018
Reeditado em 15/10/2018
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