Tragédia Na Amazônia: Voo Boeing 737-200 Varig

No dia 03 de setembro de 1989, em um domingo à noite, o Boeing 737-200 prefixo PP-VMK da companhia aérea brasileira Varig, Voo Varig RG-254, que partiu do Aeroporto João Correa da Rocha em Marabá/PA para o Aeroporto Val de Cans em Belém/PA, não chegou ao seu destino.

O vôo entre as duas cidades dura em média 40 minutos, mas para os 48 passageiros e 6 tripulantes do Vôo 254 a viagem duraria mais de três horas e acabaria com um mergulho na mata.

Na decolagem de Marabá, o comandante, César Augusto PaduIa Garcêz, na época com 32 anos, cometeu um erro grotesco em seu plano de navegação: para chegar a capital do estado, Belém, precisava conduzir o Boeing por uma rota de 27 graus ao norte de Marabá, mas em vez disso, pilotou o avião no rumo 270 graus oeste.

Após vinte e três (23) minutos da decolagem, convencido de que tudo corria bem no voo 254, o comandante informou aos passageiros de que deviam iniciar os preparativos para aterrissagem e contatou Belém (gravação da Caixa Preta):

Garcêz: "Estimo posição 25min. fora, estou pronto para iniciar a descida. Está faltando energia na cidade? Não recebo 128.2." - Referia-se a 128.2 megahertz (MHz), uma das freqüências em VHF do ACC Belém.

Controlador de vôo (na base do aeroporto): "Negativo!"

Garcêz: "Dois, cinco, quatro solicita autorização para descer para o nível 200" - Belém permitiu que o Varig 254 descesse de 29 mil para 20 mil pés. "Estou pronto para iniciar a descida".

Ainda no mesmo diálogo, conforme gravação da Caixa Preta, Garcez avisou:

"Não recebo 128,2 e não recebo informação do VOR".

Dessa forma, como não enxergou as luzes da cidade desistiu do pouso.

Adiante, preparou-se para pousar em Carajás/PA, mas passou longe do aeroporto. Tentou, ainda, retornar para Marabá/PA, porém, sem sucesso. O comandante voou durante mais de 3 horas sem saber onde estava. Perdido na Amazônia, região do país famosa pelo "buraco negro dos radares", ele fez uma viagem totalmente sem noção, segundo especialistas em aviação e comando de voos.

Já se passavam 03 (três) horas após a decolagem, quando não restava uma gota de combustível no 737-200 da Varig. Então o comandante teve que realizar um pouso forçado às 21h06min (hora local), em plena floresta amazônica. A seguir, o audio da Caixa Preta momentos antes do pouso forçado:

Comandante Garcêz: "Senhoras e Senhores, é o comandante quem vos fala... Tivemos uma pane de desorientação dos nossos sistemas de bússola. Estamos com o nosso combustível já no final, ainda com 15 minutos. Pedimos a todos que mantenham a calma porque uma situação como essa é difícil de acontecer. Deixamos a todos com a esperança de que isso não passe de apenas um susto para todos nós. Pela atenção, muito obrigado e que todos tenham um bom final."

Piloto em terra: "Ôh Garcêz, você não conseguiu ir pra Belém por quê?"

Comandante Garcêz: "Não, é que eu não tinha a indicação de Belém, a bússola 'tava' com outra proa e a gente foi... Ficou andando entre Belém (capital) e Marabá/PA e não conseguiu chegar a lugar nenhum, agora tá indo para Marabá/PA e não tem mais combustível pra ir pra lugar nenhum, entendeu?... Oh, o motor 1 acabou de parar (som do alarme da cabine)... A gente vai ter que descer agora... Eu não vou poder falar que a gente vai se preparar para o pouso, ok? Atenção tripulação: Preparar para o pouso forçado".

Na hora em que o avião deu pane, o comandante pensou que estivessem próximo a Carajás/PA. Na verdade, estavam em São José do Xingu/MT (local perto de onde caiu o voo 1907 da Gol em 2006), lugarejo de Mato Grosso a 500 quilômetros de Carajás/PA e a 1000km de Belém/PA, seu destino original.

Na aterrissagem, o impacto do avião contra as árvores causou a morte de 12 pessoas à bordo e ferimentos em outros 42 passageiros.

Sem saber ao certo onde estavam, os sobreviventes travariam uma imensa luta pela vida em meio à floresta amazônica e à noite, na selva em mata fechada repleta de perigos e susceptíveis até mesmo à ataques de animais ferozes como as Onças-Pintada e outros felinos, também podendo levar picadas de víboras, ou de insetos venenosos etc. Enfim, os sobreviventes nasceram de novo após essa mudança de rota não programada durante o vôo Boeing 737-200 Varig, em 1989.

Fabinho Oliveira
Enviado por Fabinho Oliveira em 11/11/2018
Reeditado em 25/11/2018
Código do texto: T6500469
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