"Está Difícil..." = Dando uma satisfação aos leitores
Está difícil começar a escrever de novo. Difícil mesmo. Saí do meu ambiente, onde ficava sozinho o dia todo, para um apartamento onde a empregada ouve rádio na cozinha, minha mãe vê televisão na sala (com o som lá em cima para compensar a surdez progressiva,) e minha mulher liga outro rádio enquanto passa as roupas amassadas na mudança. Assim não dá...Assim não dá...
A Net ficou de reinstalar minha banda larga até amanhã. Estou torcendo para que aconteça um milagre e ela cumpra o prometido. Acho que ainda sou daqueles que acreditam que o impossível também acontece.
Sem ambiente, sem silêncio, sem o meu “chinelo velho” que é o meu saudoso computador, não tenho conseguido nem ao menos uma quantidadezinha de poetrix, uma poesia simples, uma quadrinha. Nada. Estou com a cabeça vazia. Acho que ela , a minha cabeça, está achando que entrei em férias por estar no litoral.
Esse computador que estou usando agora é muito mais possante que o meu, mas não é o meu. Não é aquele teclado que meus dedos já conhecem até no escuro e para o qual nunca preciso olhar. É novo, é bonito, é moderno, mas não é o meu. Que saudades...Que pena de vê-lo ainda desmontado na caixa à espera da reinstalação. Isso dói.
Além de tudo, todos meus arquivos estão lá no outro. Tudo que já escrevi até hoje no Recanto está lá à minha espera para uso, para correção, para publicação ou não. Estou me sentindo como um motoqueiro que saiu em viagem e ficou sem a moto no meio do caminho.
Alguns leitores estão me cobrando os capítulos do romance. E com razão.
Mas como é que eu posso dar continuidade de memória? Estou sujeito a modificar algumas coisas, enveredar por algum caminho complicado e acabar aumentando muito ou diminuindo muito a trama. Está difícil...
Só me resta torcer para que até amanhã à tarde o meu pecê esteja de novo em ação, no canto da casa que reservei pra mim, e que possa começar a colocar minha vida literária (e profissional) em ordem.
Meu dedo mínimo da mão direita, quebrado na infância e não “consertado” a tempo, impede-me de escrever manualmente, e com isso deixo escapar muita coisa que considero boa, mas no computador posso digitar por horas a fio sem sentir coisa alguma. Escrevendo à mão, em cinco minutos a dor alastra-se pelo meu braço e atinge até a omoplata. Em resumo: sem meu computador não sou nada.