Los Hermanos 4: A exceção da mesmice

Há muito tempo a musica brasileira vem vivendo a síndrome da repetição: os artistas; as musicas; as gravadoras parecem as mesmas. Nada parece mudar. Porem como toda regra tem uma exceção, neste caso também não é diferente, e quem ocupa essa posição é a banda carioca Los Hermanos.

Considerada por muito como o que de melhor ocorreu nos últimos dez anos na musica (nacional e internacional) a banda formada por Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba, é especialista em quebrar a rotina: não repetiram a mesma formula em nenhum de seus quatro discos. Vejamos: estrearam em 1999 com o disco “Los Hermanos” em que predominava a mistura de um ingênuo hardcore com romantismo. Quando todos esperavam a continuação da formula bem sucedida da estréia, eles quebram a expectativa com o segundo disco “Bloco do Eu Sozinho” de 2001, em que o samba e o rock andavam de mãos dadas, foi muito bem recebido pelo publico da banda e pelos críticos, mas não pelo mercado. A dúvida então foi qual rumo seguiriam no terceiro disco. O resultado foi o “Ventura”, um trabalho que diferia dos dois anteriores, com mais influencia ainda do samba, rock e musica “filosófica”. Sendo assim aclamado, merecidamente, como um dos melhores (se não o melhor) de 2003.

Mas o maior exemplo da mudança é o seu mais recente álbum, denominado simplesmente “4”, não só por não parecer com nenhum dos outros discos dos Hermanos e sim por não ter equivalente na atual musica brasileira. O preço da mudança foi algumas criticas: chamara o disco de fraco; da coisa mais “deprimente” que eles já fizeram... Mas, ao contrario do que dizem é, justamente, essa “depressão” que faz da obra dos barbudos cariocas uma espécie de nata, em meio ao mar de mesmice e repetição que se tornou o mundo da musica.

As provas que atestam a qualidade dessa mudança presente no “4” estão no CD. A sutileza reflexiva de “dois barcos”(lenta para os insensíveis musicais); o espírito bossanovista de “fez se mar”; “sapato novo”; e “é de lagrima”; o romantismo de “morena” e a energia de “pois é” e “horizonte distante”. Já o outro grande compositor do grupo, Rodrigo Amarante, não fica atrás e cria verdadeiros clássicos da melancolia: as belas e intimistas “o vento”; “primeiro andar”; “os pássaros” e “condicional” e até uma salsa “paquetá”. Todas elas com ritmos pulsantes e letras reflexivas (e não deprimentes como dizem os invejosos de plantão)

Dessa forma o disco já pode ser considerado como um dos melhores da musica nacional, o que coloca o Los Hermanos ao lado de outros ícones como “Legião Urbana”; “Raul seixas”; “Caetano e Gil”; ”Tom Jobim” etc. E se confirmarem as últimas noticias de que estariam se separando, ai sim serão transportados para o mundo imaginário dos grandes do nosso tempo, de onde jamais sairão.

Reginaldo Correia da Silva
Enviado por Reginaldo Correia da Silva em 17/09/2007
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