Você tem 50 anos? Desculpe, mas buscamos um perfil digital...

Sempre fui favorável a mudanças. O novo me atrai, a inovação me fascina e o último lugar do mundo em que me posicionaria seria a tal da zona de conforto.

Ao longo de minha trajetória, recebi críticas por ter feito cursos em áreas diferentes, por ter trabalhado em funções diversas para empresas de porte e segmentos diferentes.

Tenho essa necessidade de aprender e de participar de projetos que visam a melhoria.

Quem me conhece, sabe disso.

Lembro que fui a primeira a ter um computador no pool de secretárias: me voluntariei para o piloto. Mesmo ocupando uma função com atribuições estabelecidas, sempre fui além da “descrição de cargo”: ajudei a treinar usuários, a instalar equipamentos, me disponibilizei para que todos pudéssemos atingir bons resultados.

O tempo passou e , de acordo com as flutuações do mercado, tive que me adequar e reinventar: secretária, cantora, coordenadora de marketing, professora, coordenadora pedagógica, tradutora, intérprete, vendedora, redatora, revisora, etc...

Quando tive que aprender a viver com o orçamento reduzido, sem poder pagar cursos tradicionais, comecei a fazer cursos livres online, desses oferecidos pelas universidades americanas e outras no mundo todo onde você pode acessar informações das melhores instituições e com a mentoria dos melhores profissionais.

Aprendi idiomas por conta própria e utilizo diversos softwares e aplicativos sem dificuldade.

Assim como os nativos digitais, utilizo games, smartphones, computadores e exploro a internet tão bem ou melhor que muitos “millennials”...

Ainda assim, apesar de estar atualizada, confirmar habilidades através de testes, demonstrando disponibilidade, entusiasmo e confiança, já sou descartada por causa da idade.

Não afirmo isso sem antes ter me certificado. Infelizmente, em um país, onde a população já envelhece, os empregadores ainda descartam pessoas com 50 anos.

Nesse exato momento uma grande empresa do ramo alimentício está oferecendo novas posições: o limite de idade? 30 anos.

Gostaria de enfatizar que ter 20 anos não faz de ninguém um gênio digital.

Que ter 30 anos não garante habilidade.

E, acima de tudo, que um profissional pode ter 50 anos, além de ter o tal “perfil digital”, possui habilidades pessoais que podem atuar para contribuir com o negócio e aprimorar a experiência do cliente interno e externo ( e do usuário, como preferir).

É fácil afirmar que a empresa é inclusiva.

Mas, na prática, o que muitas têm feito, chama-se exclusão.

Exclusão de profissionais competentes, cuja maior fraqueza (!) parece ser a idade.

E você? Qual é o seu perfil digital?

Ou seria melhor perguntar: Qual a sua idade?

5 de abril de 2019

Claudete Mello
Enviado por Claudete Mello em 05/04/2019
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