Razões dos machos.

É comum ver nos trejeitos dos antigos pioneiros, principalmente os oriundos da área rural, seus atos e gestos peculiares. São, geralmente, tímidos e, quando provocados, de temperamentos inseguros e nervosos. Buscando inspiração nos hábitos dos animais, muitas das suas obras estão baseadas em tais experiências. Conviveram com a rudeza e a severidade do mundo natural que os cercavam. Habilidade, coragem e determinação vêm dos exemplos que a vida lhes proporcionava. O ânimo com que enfrentavam e enfrentam as dificuldades é oriundo dos exemplos adquiridos diariamente. As provações lhes foram impostas desde cedo. Ainda crianças, foram deixadas em contato com a terra, o que os obrigou a se adaptarem às variações climáticas e a produzirem autodefesa contra os microorganismos e a agressividade biológica do ambiente. Prematuramente já enfrentaram as duras provas. Começou ainda em casa. Os mais velhos partilhavam do sofrimento das mães durante o trabalho de parto; embora todos garantissem que a criança era um presente de Deus, eles viam as mulheres se “encorparem” como os animais e sofrerem antes do “presente” chegar. O mesmo ocorria com todos os mamíferos que os cercavam e partia daí a comparação. Isso mostrava que as inverdades seriam armas de luta amplamente difundida no decorrer da vida. Tanto com meninos ou meninas, o estímulo sexual vinha da mesma fonte. Os animais se relacionavam em qualquer lugar desde que estivessem em períodos férteis. Os machos, aos bandos, disputavam as fêmeas enfrentando a morte e elas eram subjugadas a força. Esses temperamentos serviram como base para toda a sua vida. Obrigadas a se inspirarem no cenário natural da convivência entre machos e fêmeas, induzidas a adotarem os tipos sugeridos pela religião predominante, as mulheres portavam temperamento passivo e os homens, o oposto. É em partes dessas observações que se estruturaram a sociedade primitiva. Se indagar a alguém desse meio ele apontará como resposta essas teses e acrescentará outro exemplo exercido na natureza: se num casal, o macho vai à caça, a fêmea resguarda o ninho. Morando em lugares inóspitos, se fazia necessário que alguém vigiasse a cria. O contexto selvagem em que os desbravadores e combatentes viviam, entre as inúmeras guerras protagonizadas pelos povos, considerando as dificuldades da vida do campo e estimulados pelos experimentos da infância e a disciplina militar impostas pelas contendas humanas, torna-se tolerante a base estrutural da tão chamada sociedade machista.

Com os avanços educacionais e democráticos ocorridos no último século, no terceiro milênio trava-se uma batalha para vencer essas desigualdades sociais. Mas, se levar em consideração à longa trajetória que imperou tais bases, haverá resistências para que elas se equiparem.