VIOLÊNCIA EM TRÊS TEMPOS

Primeiro tempo:

No final do mês de junho de 2019, à noite, na pacata zona rural do Quenta Sol, em Calambau, três assaltantes arrombaram a porta da residência de um morador local. Dentro da casa, já se preparando para dormirem, o casal de idosos e seus dois filhos maiores, foram surpreendidos pelos assaltantes, que de armas em punho levaram um televisor, um som, dois pernis que estavam na geladeira e algum dinheiro que estavam guardados em uma mala. O dono da casa, idoso recém saído do Hospital Santo Antônio, em Calambau, ainda se recuperando de um tratamento, presenciou tudo. Até o momento não sabemos se a família fez a ocorrência policial. Se bem que tal procedimento embora necessário, na ótica dos assaltados de nada adianta, pois pelo que se observa é muito difícil descobrir os culpados. O motivo? Não sabemos.

Segundo tempo:

Um parente nosso que possuía uma fazendinha entre Rio Pomba e Juiz de Fora, teve a sua propriedade assaltada. Eis o ocorrido:

Na fazenda moravam o proprietário e um casal. O marido cuidando da horta, pomar, galinhas, etc. A mulher cuidava da cozinha e demais obrigações da casa.

Certa noite, estando o casal na cozinha e o dono em seu quarto, foram surpreendidos por dois assaltantes, que chegaram de carro e foram logo arrombando a porta da cozinha.

Dirigindo ao casal disseram:- não queremos nada com vocês, e sim com o dono que é uma pessoa rica. O dono ouvindo o barulho e parte da conversa dirigiu-se à cozinha. Lá chegando, viu os assaltantes armados e dirigindo-se a eles disse-lhes:- Olha, não sou rico, mas tenho algumas economias no banco, fruto de meu trabalho, pois sou aposentado. E continuou:- Mesmo assim não me esqueci de vocês, pois aguardava as suas visitas a qualquer momento. Em meu cofre tenho uma quantia para vocês.Então vá buscá-la, disse um dos ladrões.E o nosso parente, homem de 90 anos, com um sangue frio de fazer inveja,foi buscar o dinheiro,sozinho.

Abriu o cofre, pegou o seu 38 (revólver), carregado, deu uns três tiros para cima e encaminhou-se para cozinha onde os ladrões já estavam em fuga. O parente abriu a janela da cozinha e conseguiu ainda alvejar um dos assaltantes. Ferido, o assaltante conseguiu entrar no carro e fugiram.

Depois de comunicar-se com os filhos em Juiz de Fora e estes com a polícia, chegaram à fazenda e tentaram levar o dono para a cidade, depois de ligarem para vários hospitais para saberem se haviam atendido a algum ferido. Nenhuma resposta positiva. O dono disse para a polícia e aos filhos: Comprei esta fazenda para viver a minha velhice, aqui ficarei. E tem mais:- Junto ao meu 38 tem mais umas duas caixas de balas...

Terceiro tempo:

Aqui em nosso município, nos últimos dois anos, foram mais de trinta assaltos em propriedades rurais. Pouquíssimos, talvez nenhum foi elucidado. Apenas dois irmãos reagiram a um assalto e os ladrões fugiram.

E tem mais um detalhe: A quase totalidade destes assaltos ocorre quando as pessoas não estão em casa ou então quando estão chegando. É importante frisar que grande parte dos assaltados também nunca usou uma arma de fogo e nem tem condições de usá-las. Nos dois exemplos acima verificamos a realidade em nossa região. Quem tem armas em casa se defende (às vezes) e os que não as possuem ficam à mercê dos assaltantes.

Portanto, o tão falado armamento tem que ser muito analisado, pois no meio rural pode ser um armamento, mas para os assaltantes...

Murilo Vidigal Carneiro

Calambau, 30 de junho de 2019.

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 03/07/2019
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