REFLEXÃO SOBRE OS ASPECTOS SOCIO – ECONÔMICOS E SUA INFLUÊNCIA NO ÂMBITO EDUCACIONAL

Por: Leandro Martins de Jesus.

RESUMO: O presente artigo, procura fazer uma reflexão da influência dos aspectos sócio-econômicos no âmbito educacional, destacando de forma clara e precisa, como a educação é elitizada por aqueles que possuem melhores condições econômicas, servindo como fator de dominação e desigualdade social. Alerta que a única alternativa para a mudança do que acontece na atualidade, seria uma conscientização política e ética que só poderá ocorrer, em conjunto com uma educação igual e de qualidade, levando o país a uma mudança significativa na sua estrutura social, bem como na sua conjuntura política e ideológica da educação.

Palavras - Chave: Educação, Política, Dominação, Sociedade, Economia, Desigualdade.

Desde os tempos mais remotos da humanidade é notório que a melhor educação sempre foi monopolizada pela classe dominante, que por sua vez detinham o poder econômico e social em suas mãos.

Após a revolução industrial do século XVIII, uma nova ordem mundial começava a se consolidar através das revoluções burguesas, era o capitalismo, que tem como característica básica e inerente, um forte individualismo e a obtenção do lucro a qualquer custo.

Como o firmamento do sistema capitalista na nossa sociedade, começam a surgir uma série de problemas oriundos justamente da forma desumana e inescrupulosa que tal sistema impinge ao ser humano. Através dos seus estudos o alemão Karl Marx acredita ser, o modo de produção peça fundamental para a compreensão do funcionamento e organização da sociedade, com a economia servindo de base, porém não sendo a única variável que exerce sua influência no processo dinâmico do desenvolvimento social, assim:

“A história de todas as sociedades existentes até hoje tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, têm permanecido em constante oposição uns aos outros, envolvidos numa guerra ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária de toda a sociedade, ou pela destruição das duas classes em luta” ( MARX apud COSTA: 84,1997).

Observa-se que a dinâmica que constitui a sociedade capitalista é aquela que surge da luta das classes desiguais, e em meio a tal dinamicidade está inevitavelmente inserida a educação, não só como um fator de manutenção da tradição histórico social da sociedade em questão, bem como para a manutenção da unidade da nação por meio do controle educacional.

Na sociedade atual em que a educação constitui a ponte para uma vida melhor, servindo não só como meio de inserção na sociedade mas realmente como um elevador social, é notado que cada vez mais a educação também tem servido para intensificar as desigualdades sociais, uma vez que não se dá uma educação igualitária, desta forma:

“À medida que o conteúdo técnico dos mecanismos de reprodução de nossa sociedade se torna mais complexo, reforça-se a marginalização de quem não tem acesso `a conhecimentos suficientes para dominá-lo” (In, DAWBOR: 6,1991).

Observa-se que o problema primordial da educação está intrinsecamente ligado a aspectos que remontam ao âmbito sócio – econômico do indivíduo. Constata-se que há todo um contexto que envolve a trama social para a definição de como irá se desenvolver a sociedade, e diante de tal trama fica mais que claro que a classe privilegiada, (a classe dominante) é aquela que tem as maiores chances em potencial e material de elevar-se cada vez mais se mantendo no topo do poder, ditando as regras, e permitindo somente que os oriundos de sua própria corja, com raríssimas exceções possam melhorar de vida. É o que literalmente pode-se chamar de dinâmica da dominação, assim:

“De maneira geral as crianças de famílias numerosas, pertencentes aos níveis de renda mais baixos tem poucas oportunidades de se graduar no nível médio. Elas têm que deixar a escola cedo para ajudar as famílias. A maior parte delas, não chegará a ser mais que trabalhadores sem especialização, mal pagos pela simples razão de que.. a educação se tornou o principal caminho para o sucesso econômico e social.” ( MILLS apud FORACCHI:274,1997)

Para que a educação verdadeiramente cumprisse o seu papel, dando igualdade de condições a todos, seria necessário uma grande reestruturação social em nosso pais, abrangendo a política, tendo como conseqüência uma melhor administração, com este ponto base estabelecido poderíamos pensar no início da resolução de toda problematização que acomete o país. A base para uma educação libertadora presume um governo, (entendido neste caso como todo o sistema), que dê condições para a sua existência, só sendo possível isto com a utópica idéia da extinção da corrupção, uma vez que a educação sendo a formadora do indivíduo seria ela o ponto inicial para a obtenção de pessoas capazes de assumir o poder sem se corromper, dando iguais condições à população e trabalhando em virtude da população.

O que acontece é que a dinâmica da dominação continua invariavelmente a acontecer, estabelecendo de forma quase que imutável uma dominação sobre toda a sociedade, onde apenas 2% da população têm privilégios e domínio sobre 98% que não consegue se organizar por uma mudança do quadro atual.

A educação acontece neste momento de uma forma inegavelmente castradora devido ao contexto que permeia os nossos jovens, a família não tem condições mínimas necessária para se suster, porém é inegável a sua existência, deste modo o que acontece ? Os pais que já vieram desta mesma realidade miserável, que não tiveram condições de estudar, sendo portanto analfabetos sem perspectiva, penam para criar os seus filhos com o suor do seu esforço em jornadas exploratórias de trabalho braçal e mal remunerado em fábricas ou empresas, cujos donos ou gerentes, detém todas as condições sendo portanto os dominantes, portadores da educação que permitirá aos seus filhos a manutenção da dominação e da situação vigente. E quanto aos filhos dos operários analfabetos e desprovidos de senso crítico? Iniciam os estudos primários uma vez que já não há ocupação que não exija o mínimo de educação.

Observa-se que o rendimento destes indivíduos na escola será precário, já que desde o nascimento se alimentam mal, tendo por isso um desenvolvimento cerebral e corporal inadequado, ocasionado pela desnutrição, em casa não encontram estímulos para o estudo, vivendo em completa miséria em meio a um contexto irreal que lhe é negado pela escola:

“Para todos os efeitos práticos de medidas a tomar nas áreas da economia e da educação, temos portanto uma proporção de dois terços de subnutridos, porção muito próxima da dos analfabetos e semiletrados (...)Outra limitação fundamental das condições de estudo da criança é a moradia. Entre a imagem de televisão, que mostra a criança estudando em seu quarto tranqüilamente sentada junto a uma mesa de estudo, e a realidade de grande parte das crianças, a distância é grande. E as condições de residência são fundamentais para o trabalho intelectual da criança.” (In DOWBOR: 39-41,1991).

Desta forma, pouco tempo após o ingresso na escola, são obrigados a deixa-la para trabalhar e ajudar na manutenção da família. E os raros sujeitos que conseguem concluir o primeiro e segundo graus entram muito raramente no funil do vestibular das universidades públicas e federais, com uma gigantesca desvantagem em relação aos filhos dos mais abastados que tiveram todas as condições para o seu desenvolvimento físico e intelectual. Em suma, basicamente com poucas variações a estrutura da dominação por meio da educação é esta.

E a única forma de modificar este circulo vicioso é através da própria educação, juntamente com a conscientização política da população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à ciência da Sociedade. São

Paulo: Moderna,1997.

DIMINESTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. São Paulo: Ática,1999.

DOWBOR, Ladislau. Aspectos Econômicos da Educação. São Paulo:

Ática,1991.

FORACCHI, Marialice Mencarini. Sociologia e Sociedade. São Paulo:

Livros Técnicos e Científicos,1997.

L.M.J.

18/09/2001.

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 09/10/2007
Código do texto: T687162
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