Walt Whitman

A Sobrevivência Do Homem-Deus

Whitman (o poeta da meia-noite, do sono, da morte e das estrelas, que se autoconsiderava uma espécie de deus libertador americano, contrapondo-se às tradições, que para ele eram coisas mortas, fria argamassa e tijolo), aquele que não necessitava de nenhum ídolo que não fosse ele próprio, é considerado o centro do cânone americano.

“Não posso conceber nenhum ser mais maravilhoso que o homem”, dizia. E ele nos impressiona, sobretudo, ao lançar um grito eterno e metafísico para o futuro, um sonoro e alto brado à procura de ouvidos seculares que pudessem ser os próprios, preparados para o murmúrio poético, metafísico e ardente:

“Cheio de vida, hoje, compacto e visível,

Eu, com quarenta anos de idade no ano oitenta e três dos Estados Unidos.

A ti, dentro de um século ou de muitos séculos

A ti, que não nasceste, te busco.

Estás lendo-me. Agora o invisível sou eu,

Agora és tu, compacto, visível, o que intui os versos e o que me busca,

Pensando o feliz que seria se eu pudesse ser teu companheiro.

Sê feliz como se eu estivesse contigo. (Não tenhas demasiada segurança de que eu não esteja contigo).”

Extraído do livro Guardados Que Vivem

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