AVIÕES CAINDO NA ITÁLIA

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Imagine que você está voando -tranquilamente e totalmente despreocupado- a bordo de um dos melhores aviões do mundo quando, de repente, o comandante alerta que há uma grave falha mecânica e a aeronave pode precipitar em qualquer momento. Todos os passageiros ficam mudos, estarrecidos; muitos começam a rezar e a suar frio. A pista mais próxima fica distante, muito distante e as horas parecem nunca passar. Ninguém pode sair do seu assento, as aeromoças deixam de servir bebidas e alimentos. As crianças choram, as mães se desesperam, os idosos começam a desmaiar; uns passam mal. O leitor consegue imaginar a agonia, a angústia dos passageiros que não sabem se conseguirão escapar ou se irão morrer dentro de poucos minutos?

Deve ser uma experiência terrível, não é?

Pois bem, é isso que cerca de 60 milhões de italianos estão vivendo nesse exato momento.

Sessenta milhões de passageiros trancados dentro de um avião grande como uma península, sem saber se a situação irá melhorar antes que o coronavírus os leve. Pelo menos quem deve enfrentar uma situação angustiante durante um voo sabe que esse vai durar uma horas e, como se diz, ou vai ou racha. Mas no caso da epidemia de coronavírus não se sabe se e quando vai terminar e se será possível escapar ou enfrentar um calvário que pode durar semanas numa unidade de terapia intensiva sem a segurança de voltar com vida ou morrer sufocado lentamente, por falta de ar nos pulmões.

Num Airbus A330, um um dos maiores do mundo, cabem até 320 passageiros, e num A320 a lotação máxima de 160; portanto, ontem, é como se na Itália tivessem caído dois A330 mais um A320.

Um verdadeiro massacre!

Tentaremos agora desvendar o mistério de tantas vítimas na Itália, mais que na China onde tudo teve início, começando a comparar a idade média dos doentes chineses (46 anos) com aquela dos Italianos (63 anos): já esse dado por si é bastante significativo. De acordo com o Instituto Superior de Saúde (ISS), a comorbilidade, que cresce com o avançar da idade, é o fator determinante sendo que um grupo restrito de patologias compromete bastante as defesas do organismo. Essas doenças são: problemas cardiovasculares (inclusive hipertensão arterial), patologias renais, psiquiátricas, diabetes e obesidade. Maior o número de patologias apresentadas pelo paciente, maior será a probabilidade dele falecer. O Dr. Guido Silvestri, cientista italiano nos Estados Unidos, professor de patologia na Universidade de Emory, em Atlanta, e diretor da Divisão de Microbiologia e Imunologia, fornece cinco razões plausíveis: presença de muitas infecções não diagnosticadas, temperatura e umidade ideal para o vírus, idade avançada da população, aspectos sociais, sobrecarga das unidades de saúde. Parece, portanto, que haja um forte consenso no ambiente científico internacional em identificar a origem da alta mortandade na Itália.

Outro fator significativo é que muitas pessoas desrespeitam a obrigação de sair de casa e ficam perambulando pelas ruas sem uma necessidade real. Também o governo italiano não está totalmente isento de responsabilidades. As medidas tomadas foram lentas e outras até contraproducentes, como a de fechar os supermercados aos domingos. Isso significa uma maior concentração de fregueses nos outros dias da semana e, aumentando a aglomeração, o risco aumenta. Existe um grupo de nações (Hong Kong, Singapura, Taiwan e a Coreia do Sul) onde as lojas de alimentos ficam abertas 24/7 mediante o utilizo quase exclusivo de caixas eletrônicos. Na Coreia boa parte da população foi testada para ver quem era portador saudável da doença. Os resultados estão sendo bastante positivos e encorajadores. Na Itália, não apenas isso não foi feito pelos grupos de riscos, mas nem sequer pelos médicos e os enfermeiros, os quais continuam a contagiar pacientes internados por outros motivos independentes do Covid-19.

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 22/03/2020
Código do texto: T6894178
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