Educar para quê?

“Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes”, constatou Paulo Freire já nos primeiros olhares lançados para um novo educar: Educar para a vida. Formar para a vida é o grande desafio. O dever de ensinar é um imperativo do Estado, da família, da religião e de todos aqueles que se preocupam com um mundo melhor, com um futuro melhor. Tudo passa pela educação, nada é feito sem a educação, não há objetivos sem a educação.

Desde os primeiros passos da civilização, o pedagogo não era aquele que dava o conhecimento, mas que conduzia a ele, que direcionava, ajudava nos primeiros passos. Passos esses que podem levar por diversos caminhos e vocações: advogado, médico, engenheiro, professor, artista, músico, dentista, militar... Não importa o que, mas como, e o “como” passa pelo educar, passa pelo educador. Educar é base, é o alicerce e não um adereço. A educação sem compromisso com a vida é criminosa, a educação que não se propõe à diversidade e às diferenças é violenta, a educação que não acolhe é excludente, e a exclusão é desumana.

O jovem é o futuro do amanhã, é o amanhã acontecendo, se formando. Ele precisa ser conduzido, preparado. Para isso há muitos métodos e teorias, muitas técnicas e sistemas, mas que não atingem lugar algum se não bem aplicados, se não comprometidos com a vida. A teoria é vazia e a ação é hipócrita se não há o conhecimento das causas maiores e das reais necessidades.

Na escola da vida há muitas salas e muitos mestres, muitas portas e muitos diplomas. As drogas estão no currículo de muitos dos nossos jovens, o diploma do crime quer números e os obtém a cada dia mais. Para a verdadeira educação não importa números, mas êxito e qualidade. Formar profissionais só é possível se formarmos cidadãos, que conheçam o valor da ética e do respeito, da competição saudável e dos direitos humanos. O tempo perdido pode significar vidas perdidas, jovens perdidos e pessoas esquecidas. O compromisso é das famílias, é dos governos, é do professor. As famílias não podem se furtar da educação dos seus filhos. A família é a primeira educadora e deve assumir a cada dia sua responsabilidade. Os governos devem cumprir o seu papel e perceber que qualidade depende de boa vontade e valorização de seus profissionais, de investimento e capacitação dos professores, de prioridades a serem assumidas nas campanhas e também nos mandatos. O professor deve encarnar seu papel com amor, compromisso e fidelidade, renovando seus métodos se preciso, criando novas formas de fazer ensino e considerando as diferenças, acima de tudo.

Não é só a escola que forma pessoas. O conhecimento é lançado por diversos canais e veículos: a televisão, a internet, a moda, a religião, as mídias. Tudo é apreendido e tudo tem suas conseqüências, seus resultados, positivos ou negativos. Nem todos têm compromisso com a vida e com o a formação de um cidadão, nem todos buscam valores saudáveis e construtivos, muitos são destrutivos e inconseqüentes, muitos querem lucrar, mesmo que irresponsavelmente. Os jovens estão sendo roubados, as vidas estão sendo assassinadas e os valores pisoteados pelas causas criminosas. Em contrapartida ao relativismo niilista dos quais estamos sujeitos, há o trabalho missionário de resgatar os valores maiores, que passa pelas etapas irreversíveis da infância e da adolescência.

O desafio maior

O desafio maior é como educar. Educar é vocação. Educar é exigente. Educar é amar. Não é fácil educar, é muitas vezes desgastante, angustiante, desmotivador. Toda educação passa ela dificuldade, e muitas delas nós já conhecemos, está na mídia quase que constantemente: violência, drogas, indisciplina, sexo, falta de recursos. Lamentavelmente os problemas são reais e não há como fechar os olhos como se não existissem. Devem ser assumidos, pautados, e principalmente, sanados. Nada se resolve com discursos ou com mágica, mas com trabalho coletivo, mas com papéis assumidos. Os frutos compensam, com certeza. Dizia Aristóteles: “A EDUCAÇÃO TEM RAÍZES AMARGAS, MAS SEUS FRUTOS SÃO DOCES”.