MEU SONHO FOI MORTO


Em 1983, iniciei namoro com uma jovem, muita capaz, cheia de vida, sonhos e ilusões próprias de sua idade e existência. Encantou-me o seu jeito de ser, sua ânsia de viver, sua capacidade de flutuar acima dos problemas, vencendo sempre as intempéries da vida com seu humor agradável, obtendo com isto um rastro de amizade invejável. Sua boa vontade em servir, lhe angariou cargos nas comunidades evangélicas por onde passou. Seu modo humilde em se vestir e se apresentar resultaram em muitas amizades e afeições. Não agia com acepções de pessoas.
Assim então, depois da amizade forte, veio o namoro, depois noivado e em 1985 com muitos sonhos e desejos, o casamento. Não podia passar esta oportunidade de ficar ao lado de alguém tão capaz e desejável. A tranquilidade que me veio em meio a cerimônia realizada na pequena igreja da cesarinho, onde fui criado praticamente, me deu a garantia de que estava fazendo a coisa certa (a primeira em minha vida). Assim passamos a vida angariando experiência. Três filhos maravilhosos vieram sucessivamente e foram ótimos. Aprendi com estas criançadas me divertindo. Sem canseira fomos levando a vida boa. Muitos desencontros e brigas regulares. E hoje pensando bastante, eram encrencas fúteis, que poderiam ser relevadas...mas assim crescíamos aprendendo.
Vem a maturidade, crianças tornando-se adultas. Mais que maturidade, a velhice, mas numa boa. Chegamos num ponto de viver numa boa sem confusão, sem desentendimentos, melhor compreensão. Era o ponto ideal de relacionamento. Cada um entendo o ponto de vista do outro, conversa serena tratamento afetuoso. Na realidade tinha medo que tudo mudasse, pois a vida apresenta surpresas desagradáveis....mas a coisa mudou...de repente tudo se desmorona. A Nanci não se dá conta de coisas pequenas. O mal chegou! Aí você pergunta: “porque eu?”
Nesta hora seus sonhos se desmoronam. Não se concebe que uma pessoa inteligente, capaz, participativa, sugestiva, de repente, torne-se totalmente contrária. Fora da realidade, tudo muda, o seguimento a vida para todos tornaram-se diferente.
A velhice que poderia ser normal, competente e agradável, dá lugar ao um clima horroroso , pesaroso sem perspectiva alguma. A fé vai de água abaixo.
Conto com a misericórdia do alto, porque humanamente não é suportável a situação. Não há palavras que promova esperança. Ver uma pessoa que faz parte de sua vida, sua metade definhando, ultrapassa todos os sentidos da coerência. Ainda aguardo um milagre. Se não conseguir acreditar no milagre, debalde a fé, ela não sobreviverá, aí morre-se o sonho e morrendo o sonho, um homem não vive mais.
Quando no profundo silêncio como hoje de manhã (27/05/16), lágrimas caiam em seu rosto envelhecido, mas dos mesmos olhos, que um dia me apaixonei...me comovi...ao tentar forçar ela se alimentar de um Danoninho pequeno. Arrependi-me de tal façanha, mas intenção era boa. Fiquei arrependido e clamei aos céus...porque porque?...mas Deus não responde.
Dia 11 de maio 2016, resolvi, depois das 16 horas, sair do trabalho no Fórum e ir para Iperó, cidadezinha perto daqui a uns 39 km. Foi lá a trinta e três anos mais ou menos, portanto 1983, fui com a jovem Nanci minha namorada então, passear e de trem. Lá muitas lembranças boas. Na verdade fomos nos conhecer melhor, aquele papo, como é sua família, como foi sua criação e outros papos. Lembro-me que pegamos o trem na estação de Sorocaba sem rumo e fomos para em Iperó, passeio gostoso e bom. Descemos na estação de lá com uma bagagem de roupas de criança, que a Nanci vendia. Batemos em algumas casas, mas desistimos, pois não tivemos sucesso. Largamos aquilo, ela mesmo disse: - “deixa para lá” – risos. Ficamos numa pracinha, creio a única da cidade. Conversamos alegremente, tomamos um sorvete, de um ambulante com aqueles carrinhos e assim foi, depois encostamos num tronco de uma árvore frondosa a beira de uma estrada e ficamos ali por um tempo. Resolvemos sair dali e fomos para estação para pegar o trem e ir embora. Quando chegamos a estação, o trem já estava para partir. Deu um silvo longo, corremos então, dois jovens com muito sonho, rindo bastante, entramos no vagão, assim mesmo sem comprar a passagem para pagar depois ao bilheteiro. Naquele vagão só tínhamos nós, foi legal. Chegamos em Sorocaba e não apareceu o bilheteiro.
Tudo isto gravado agora em minha memória, enquanto me dirigia de carro para Iperó. Cheguei lá na pracinha, totalmente diferente daquilo em minha mente (passados trinta e três anos). Agora na ponta da praça construíram uma igreja católica. Sentei-me num banco de madeira, pus-me a orar, falar com Deus, às lágrimas. Relembrei a Ele daquele tempo de alegria e perguntei, quando iria acabar aquele sofrimento. Perguntei a Deus se iria cumprir aquela promessa dita em Jeremias 29 – 11 (...tenho pensamento não de mal contra vós, mas de bem e aquilo que esperais serás alcançado). Vendo a Nanci perecer dia a dia, estou cansado. Emocionou-me estar ali, onde a anos atrás, nos sorríamos alegres. Morrer é melhor, disse ao Senhor, do que viver este pesadelo. O descaso da vida, nos leva a desistir, e os porquês, e a não resposta de Deus. Parece que Ele tem prazer em nos fazer sofrer, quando tem poder de curar e não o faz, nos leva a crer neste pensamento. Jesus disse certa vez: “....se voz que sois maus, sabei dar boas ´dadivas aos vossos filhos, que dirá vosso Pai Celestial, não vos dará todas as coisas?”
Dali fui para a velha estação. Admirável foi perceber como ela é grande, mas totalmente abandonada, cheiro ruim, paredes velhas, trilhos enferrujados, passei perto da bilheteria e um cheiro horrível de urina. Fui caminhando ao longo da beirada calçada e as lagrimas vieram ao ver os trilhos em curva, onde o trem partia para Sorocaba. Veio na hora a lembrança de dois jovens, correndo para pegar o trem e agora a li o vazio... Comparei a minha vida, como aquela estação, velha e suja abandonada e sem vida, sem pessoas, que outrora caminham ali. Falei a Deus da minha pobreza. Creio que Deus me vê como aquela estação, sem vida, no abandono, sem serventia....
Hoje, dia 25 de maio, me veio um pensamento, uma indagação, explicável diante de uma situação complicada, problemática que não se resolve:
Será que a fé que nos foi incutida desde nossa meninice, foi algo fictício?
Indagações que ficam no ar sem resposta.
Só sei que hoje, tenho saudades de minha querida, na sua volúpia, luz de nossa casa, esteio de nosso convívio...alegria e vida abundante.
Teceu a vida duro golpe em nosso meio, tirando do ar a nossa Nanci.
É justo isto?...mas desde quando a vida pratica justiça? Já não sei em que creio!
Dia 23 deste mês, fui à Porto Feliz, ao Parque das Monções, lugar turístico de lá, onde em 1970 desci às águas do batismo, acompanhado de meu pai e minha mãe. O rio é caudaloso e bonito, onde tem história ligada aos bandeirantes. Há uma enorme escadaria que leva até ao rio. Lá, agora montei um altar ao Senhor e perto das margens onde desci à quarenta e seis anos atrás, renovei meu pacto com Ele. Clamei pela sua ajuda e sua interferência. Estava sozinho naquela tarde, mais ou menos 17 horas, o sol de inverno se pondo. O parque estava fechado para reforma e foi propício para eu clamar em voz alta. As nuvens carregadas e pássaros sobrevoando dava uma paisagem até bonita. Senti só e abandonado naquele lugar, havia uma pedra em minha frente e ali chorei. “Até quando Deus, irás me abandonar?” Vinte minutos após fui embora, pois estava escurecendo e pegar a estrada.
Quando o silêncio do alto te derruba, não há mais o que fazer.
Refazendo o feito até então descrito, neste momento, estou convicto que Deus está tecendo algo bom. Meditando na Palavra, creio agora, que através de Jesus, Ele nos dará todas as coisas. Peço com fé na certeza que o Senhor, vai curar a Nanci, pois será para sua honra e glória. As promessas são tantas e me alimento delas dia a dia, mudo então o nome do tema deste descrito, para “Meu sonho está vivo”.
Jesus é o autor e consumador da nossa fé,
Só sei que hoje, tenho saudades de minha querida, na sua volúpia, luz de nossa casa, esteio de nosso convívio...alegria e vida abundante.
Teceu a vida duro golpe em nosso meio, tirando do ar a nossa Nanci.
É justo isto?...mas desde quando a vida pratica justiça? Já não sei em que creio!
Dia 23 deste mês, fui à Porto Feliz, ao Parque das Monções, lugar turístico de lá, onde em 1970 desci às águas do batismo, acompanhado de meu pai e minha mãe. O rio é caudaloso e bonito, onde tem história ligada aos bandeirantes. Há uma enorme escadaria que leva até ao rio. Lá, agora montei um altar ao Senhor e perto das margens onde desci à quarenta e seis anos atrás, renovei meu pacto com Ele. Clamei pela sua ajuda e sua interferência. Estava sozinho naquela tarde, mais ou menos 17 horas, o sol de inverno se pondo. O parque estava fechado para reforma e foi propício para eu clamar em voz alta. As nuvens carregadas e pássaros sobrevoando dava uma paisagem até bonita. Senti só e abandonado naquele lugar, havia uma pedra em minha frente e ali chorei. “Até quando Deus, irás me abandonar?” Vinte minutos após fui embora, pois estava escurecendo e pegar a estrada.
Quando o silêncio do alto te derruba, não há mais o que fazer.
Refazendo o feito até então descrito, neste momento, estou convicto que Deus está tecendo algo bom. Meditando na Palavra, creio agora, que através de Jesus, Ele nos dará todas as coisas. Peço com fé na certeza que o Senhor, vai curar a Nanci, pois será para sua honra e glória. As promessas são tantas e me alimento delas dia a dia, mudo então o nome do tema deste descrito, para “Meu sonho está vivo”.
Jesus é o autor e consumador da nossa fé,
Finalmente hoje dia 01 de agosto de 2018, ao reler e reler várias vezes isto, tópico final relato que, ela partiu em 29 de outubro de 2016 às 19:10 horas, num sábado sombrio, chuvoso e de tristeza mil. Coração a explodir, e muitas indagações ao Criador, que não responde mesmo ao homem comum...(lembrando de Jó, a resposta de Deus não nos esclareceu muito o porque ele passou por tudo aquilo, talvez sejamos muito ignorantes pra entender o Criador).
Fim

Luiz alma de poeta
Enviado por Luiz alma de poeta em 10/06/2020
Reeditado em 30/08/2022
Código do texto: T6973168
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