A última árvore
Imagine o globo terrestre visto a uma distância num todo;
Imagine os humanos iguais a vermes, ceifando todo tipo de vida silvestre;
Matando animais, poluindo rios e devastando florestas;
Imagine tudo isso desde o começo das grandes civilizações;
O homem europeu subindo no planeta bola, devastando tudo, até chegar aos pólos;
Sagazes, só contemplam os lucros; o negócio é a produtividade e o acumulo de riquezas;
Imagine o legado de maus costumes deixados por essas civilizações antigas para as novas gerações;
Imagine aí o povo brasileiro, procedendo dentro desses costumes predatórios;
Imagine e é real, que só exista a Amazônia, a maior reserva de biodiversidade do mundo ainda existente;
Imagine a fúria dos cupins humanos brasileiros destruindo essa natureza;
Imagine homens com moto serras e tratores por todos os lados consumindo a última floresta;
Imagine um grande encontro desses cupins ao chegarem na última árvore;
Imagine esses homens cupins se indagando com olhares, se valeu, a pena,tais procedimentos;
Imagine esses homens cupins percebendo que todo o lucro tirado das florestas foi em vão;
Imagine esses homens cupins percebendo que estão mais tristes e sozinhos no planeta;
Imagine esses homens cupins convivendo um período nessa solidão de natureza devastada;
Imagine esses homens cupins sem rios, sem animais, sem árvores, sem sombra, sem Deus;
Imagine esses homens cupins sem alegria, sem o que contemplar, sem o que velar, sem o que buscar e sem o que fazer:
Imagine esses homens cupins sem poder brincar com o seu animal de estimação, sem pescar, sem nadar;
Sem descansar no remanso das árvores, sem cuidar das flores, sem contemplar as borboletas e pássaros, sem vida, tristes;
Imagine esses homens cupins apenas com uma árvore à sua frente como uma relíquia da biodiversidade que os homens um dia tiveram;
Imagine o desespero desses homens cupins olhando esse quadro dantesco de solidão total, desespero vem e decisões terão que ser tomadas;
Olham para o horizonte deserto, sem cor, sem vida, apenas uma árvore no centro da terra, vem a depressão;
E então, tomados por uma loucura coletiva, calados, todos, o primeiro homem cupim pega uma corda e escala a última árvore do planeta;
E o homem cupim amarra essa corda à árvore, faz um laço, todos olhando, enfia o pescoço e se atira, se enforcando;
E todos os outros homens cupins então fazem fila, perfilados, um por um se encaminha até a árvore, a nossa última árvore;
Colocam seus pescoços na corda e se atiram para a terra, a que perderam, a que mataram, um por um.
Criado por Vicente Freire em 28 de março de 2007.