Golpe contra a classe média: fim da CPMF

Golpe contra a classe média: fim da CPMF

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Há uns 13 anos atrás fui pela primeira vez à China. Naquela época os jornais “falavam” que o Brasil era atrasado, pois até a China havia aberto seu mercado para as multinacionais. Eles repetiam incessantemente que era uma forma de modernidade acabar com a diferença entre empresas nacionais e não nacionais. Mais uma vez o exemplo era a China: lá não existia esta diferença. Todos os jornais descreviam a mesma realidade. Nos telejornais apareciam os comentaristas falando a mesma coisa. Nos rádios o que se ouvia era da mesma tonalidade. Unanimamente a mídia descrevia que para o Brasil desenvolver deveria abrir seu mercado e acabar com a distinção entre empresa nacional e estrangeira. Davam como exemplo a China e todas as multinacionais que estavam se instalando lá.

Fui à China como homem de negócios, a fim de realizar negócios. Cheguei ao aeroporto com a realidade descritas nos jornais brasileiros e me ferrei. O que eles descreviam era pura mentira. Para uma empresa se instalar na China ela tinha que ter autorização do governo, ter um sócio chinês, garantir transferência de tecnologia e ainda comprar produtos fabricados por empresas chinesas. Só instalavam na China empresas que eles queriam, nas condições que eles impunham. Uma diferença brutal com a realidade descrita pela imprensa burguesa brasileira.

Áreas inteiras do país estavam fechadas aos estrangeiros, setores inteiros da economia protegidos da concorrência predatória das multinacionais. Cada empresa que se instalava lá tinha que garantir vários benefícios para as empresas chinesas e aos empresários chineses. Que diferença do projeto neoliberal no Brasil! No Brasil se abriu toda a economia sem negociação de reciprocidade com as outras nações. Acabou com a diferenciação entre capital nacional e estrangeiro, não garantiu transferência de tecnologia, etc. Resultado: a China cresce e o Brasil patina.

Você pode me perguntar: porque os jornais e televisão mentiam sobre a China? Porque o interesse deles não é o progresso do Brasil e sim os negócios deles. Cada um destes grupos econômicos (que são donos de jornais e Tvs) são sócios de grupos estrangeiros em vários outros negócios. O que caracteriza a elite milionária do nosso país é serem pouco patriotas e muito fascinada com o que é estrangeiro. Assim, a autonomia do Brasil é pouco valorizada. (Lembrem do contrato que o FHC quis fazer com os americanos referente a Base espacial de Alcântara, que praticamente entregava a base para os americanos por uns poucos milhões por ano e que a imprensa louvou como um bom negócio. Em outros países seria motivo para levá-lo à julgamento).

Hoje vivemos sob uma nova campanha da mídia e dos setores milionários deste país. Eles querem o fim da CPMF. Nesta lógica a grana fica no bolso deles e uns trocados para a classe média. Um cara que ganha 4 mil reais por mês paga R$180,00 de CPMF por ANO. Eles alegam que a carga tributária é alta, só não contam que os jatinhos e as lanchas (e jet-skis) não pagam IPVA. Eles alegam que a carga tributária é alta, só não contam que o fim da CPMF vai aumentar o lucro bilionário das milhares de multinacionais, o que fará com que elas aumentem as remessas de dinheiro para suas matrizes no exterior. Enquanto isso a saúde perde mais de 15 bilhões de reais. Certamente parte deste dinheiro terá que ser reposto. O dinheiro sairá de alguns lugares:

a) Diminuirá a quantidade de dinheiro para manutenção das estradas (já que parte será deslocada para a saúde). Um pneu que arrebenta... já foi embora o lucro da classe média.

b) Será difícil aumentar os abatimentos (educação, saúde, dependentes) no imposto de renda de pessoa física. Conclusão: menos redução nos impostos da classe média – Atenção: este valor estará no bolso dos muitos ricos e das multinacionais em seus países de origem.

c) Os municípios terão dificuldade para manter a saúde funcionando. Resultado: buscarão dinheiro no aumento do IPTU.

d) Com dificuldade para fazer o superávit fiscal o governo investe menos e realiza um crescimento menor. Os negócios do pessoal de classe média não vai crescer tanto ou poderá até reduzir.

Quem ganha? Os que têm muito e os que servem a eles. Vejam o exemplo abaixo (extraído de um jornal):

“Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostrou que, em média, o brasileiro tem que trabalhar sete dias por ano para pagar a CPMF”.

Parece piada. É como se você pegasse uma milionária com três braceletes de diamantes e duas empregadas domésticas e chegasse a seguinte conclusão: no Brasil cada mulher tem em média um bracelete de diamantes. Vamos a verdade: quem ganha 4 mil por mês (22 dias úteis por mês, oito horas por dia) ganha 22,75 reais por hora. Ele paga 15 reais por mês de CPMF, portanto ele trabalha: 40 minutos por mês para pagar a CPMF. Muito distante do que estes serviçais dos muito ricos divulgam.

Faça as contas: se o abatimento dos gastos com educação no IR aumentar 1.000,00 reais, a classe média economiza 275,00 reais.

O grande erro da classe média é acreditar que os interesses dela é igual ao interesse das grandes empresas e dos podres de ricos. Para ela sobra alguma pequeníssima vantagem que logo é perdida por uma outra desvantagem.

O que interessa à classe média? Distribuição de renda. Quanto mais distribuição mais a classe média ganha. É só fazer um cálculo: se você é um dentista o que te interessa mais: um cara que ganha 80.000,00 reais e outros 40 que ganham 380,00 reais. Ou um cara que ganha 10.000,00 e outros 40 que ganham 2.000,00 reais? É lógico que no segundo caso todos os 41 poderão freqüentar seu consultório e aumentar sua renda.

A CPMF é uma forma de redistribuição de renda.

Se você acha, como eu, que o governo não gasta bem o dinheiro, venha lutar para que ele passe a gastar bem. Mas, não faça o papel de bobo da “Rede Globo”

Abaixo leia a frase do Ministro da Saúde:

- É de extrema importância que o Congresso aprove a prorrogação da CPMF. Os recursos desse tributo representam uma injeção de R$ 15 bilhões anuais na saúde. Como tenho reiterado, retirar R$ 15 bilhões da saúde seria uma tragédia. Além do nosso esforço para garantir a CPMF, estamos trabalhando junto ao Congresso Nacional para que os parlamentares aprovem a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que estabelece quanto a União, os estados e os municípios devem aplicar no setor de Saúde. E essa emenda é importante também porque ela define o que realmente é gasto com saúde. O dinheiro é fundamental, mas devemos reconhecer que só uma gestão devidamente qualificada é capaz de reverter recursos financeiros em uma assistência digna à população do nosso país.”

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